sexta-feira, junho 23, 2006

"Eleições"

Algo de suma importância está para ocorrer na vida de todo cidadão brasileiro. E não, não me refiro a uma possível conquista da Copa do Mundo. Estamos em um ano de eleições presidenciais, onde escolheremos, por mais quatro anos, a pessoa que nos governará.

Como dito em meu artigo anterior, o cargo de Presidente da República traz consigo um imenso poder. Poder para alterar de maneira gritante a vida e o cenário de nosso país, que, assim como quase todas nações em desenvolvimento, ainda luta contra instituições e direitos pouco consolidados.

Sendo realistas, no atual cenário nos confrontamos com dois possíveis presidentes. Um é nordestino, “batalhador”, “homem do povo”, como se auto-intitula. O outro, paulista, vindo do Vale do Paraíba, terra dos outrora poderosos senhores do café, bem nascido e médico de formação.

Olhando a distância, imaginamos existir um abismo colossal entre eles, político e intelectual. Porém, no que tange a política, afirmo, com certeza, que ambos tem mais em comum do que era de se esperar. Uma vez eleito, qualquer um dos dois terá como objetivo único e exclusivo a maximização do poder, partidário e pessoal. E a cada declaração dos candidatos, de seus aliados e partidários, vê-se isso mais claramente.

Digo isso não como uma ofensa pessoal aos candidatos, muito pelo contrário. Minha crítica vai contra a estrutura governamental e “democrática” de nosso país. Primeiro que restringe e burocratiza de tal maneira o sistema partidário, que sempre temos de escolher entre as mesmas figuras carimbadas (mesmo que personificadas em pessoas distintas), usando a regra do “menos pior”. Depois, que permite aos políticos usarem a máquina do Estado no interesse próprio direta e indiretamente. O benefício direto é praticando o desvio de verbas públicas. Mas, não é necessário o roubo direto para alguém se beneficiar de um cargo público. Uma pessoa precisa, apenas, usar de maneira inteligente a influência e poder derivados do seu cargo para gerar benefícios pessoais enormes, em detrimento do benefício público, sendo essa a forma indireta de se beneficiar. São essas possibilidades de benefício que tornam nossos governantes capazes de tudo para manterem-se em seus cargos, e os jogam no fosso da mesmice.

Esse problema, como já dito, é sistemático, e não pessoal. Claro que o caráter de cada um tem sua importância nessa tomada de decisão. Mas, por mais bem intencionada que seja uma pessoa, para chegar ao poder, na atual conjectura, ela tem que fazer concessões morais, tem que pedir e aceitar favores, que depois serão pagos a custa do desenvolvimento nacional. É o chamado “rabo preso” ou como dizem os mais exaltados, “vendeu a alma pro diabo”. É esse o motivo pelo qual cada vez menos pessoas de bem se interessam pela carreira política. E também é esse o motivo pelo qual vemos candidatos prometendo muito antes, e fazendo pouco depois.

Para que algo de concreto ocorra, é necessário que apareça um candidato que coloque acima de si o desenvolvimento nacional. Que esteja preocupado em primeiro lugar com o Brasil e seu povo, e depois consigo mesmo e com seu partido. E, parece que não é o caso nessa eleição.

Temos um candidato de bom caráter, que se mostra preocupado com o país e seus problemas. Porém, como já dito acima, certamente, se eleito, terá sua capacidade de governar restringida por abutres, que ocuparão, inevitavelmente, altos cargos e estarão preocupados apenas com seus interesses pessoais.

Um comentário:

Joel Pinheiro disse...

Ah, Werther, tenho mais medo dos "planos de desenvolvimento nacional" do que dos desvios de verba pessoais dos políticos.

Quem já viu o que propõem os dois cadidatos já sabe, ambos são praticamente a mesma coisa.