terça-feira, maio 30, 2006

Pirataria x Arrecadação

Olá Pra todos os leitores do blog. Primeiramente gostaria de pedir mil desculpas pelo atraso no meu artigo. Tive alguns problemas que atrapalharam o andamento do mesmo.

Segue:

Bom, qual brasileiro já não passou (ou ouviu falar) pela 25 de março e outras áreas de são Paulo e nunca viu ambulantes na rua vendendo produtos ilegais? Arriscaria-me até em dizer que todos os paulistas, curitibanos, mineiros, baianos e etc já viram uma cena desse tipo.

Agora, irei abordar esse assunto que me intrigou a partir de uma notícia que vi. De acordo com cálculos da CNCP (Conselho Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a Propriedade Intelectual), o governo deixa de arrecadar R$ 12 bilhões anuais em impostos em função da pirataria levando em consideração apenas os setores de brinquedos, tênis e roupas. Para se ter uma idéia do quanto essa arrecadação faz falta, O valor representa mais de 30% do déficit 37,57 bilhões registrado pela Previdência Social no ano passado.

Porque as pessoas compram produtos piratas? Bom, seria uma resposta muito fraca dizer que é pelo simples fato de que o produto pirata tem um preço muito menor que o preço de um produto original. Mas será que quando as pessoas compram produtos falsificados, elas pensam somente nessa variável? Provavelmente não. Se imaginarmos um produto, de certa forma essencial numa casa, em que seu preço original seria de R$ 30 reais e tem duração de 3 meses, e o mesmo produto na “ versão pirata” custasse R$ 12 reais e com uma duração de 1 mês apenas, o consumidor pensaria duas vezes (ou mais) em comprar o produto pirata, devido a sua baixa durabilidade em relação ao preço. De certa forma, podemos concluir que na hora de uma compra de produto pirata, os consumidores levam em consideração uma comparação entre essas duas variáveis. Dependendo do caso, o produto original ainda poderia oferecer diferenciais (garantia de conserto e garantia de troca, por exemplo) que tornariam o produto mais atrativo que o pirata do mesmo. Resumindo, existe um trade-off nesse caso entre qualidade e preço do produto original em relação ao pirata.

A partir do raciocínio acima, temos duas ferramentas para enfrentar a concorrência entre produto original e o pirata: Aumentarmos o preço do produto pirata ou baixarmos o preço do produto original.

A primeira vem sendo utilizada pelo governo já faz um bom tempo. Para que o produto pirata tenha seu preço aumentado pelo ambulante temos que aumentar duas variáveis que são muito importantes no processo de decisão do preço do produto pirata: O risco da mercadoria ser apreendida e a probabilidade do ambulante ser preso (e do traficante de produtos ilegais também). Para que o preço da mercadoria aumente, o governo tem que investir na fiscalização das nossas fronteiras (aéreas, marítimas e terrestres) e atuar de maneira mais séria e preventiva nos centros de produtos ilegais que existem no nosso país e nos principais centros de distribuição das mercadorias. Além disso, punir de maneira mais eficiente os responsáveis do tráfico e não apenas os principais comandantes. Quando um vai preso, sempre tem outro para tomar o lugar.

A segunda ferramenta é a diminuição do preço do produto original. Uma alternativa para que os preços dos produtos diminuam é via corte de impostos. Para se ter uma idéia, num simples CD, os impostos representam 45% do preço; roupas, 37%; perfumes, 60%; e eletroeletrônicos, de 38% a 57%. É perceptível que a carga tributária nesses produtos é exageradamente alta, mas não são casos particulares. Distorções dessa magnitude nos preços dos produtos prejudicam a escolha racional no consumo das pessoas. Ademais, existe um problema claro no sistema tributário. Tanto a matéria-prima quanto o produto final vem com impostos embutidos, o que faz com que o preço seja mais distorcido ainda.

A diminuição das alíquotas de imposto nos produtos não traria fundamentalmente uma diminuição da arrecadação do governo. Com uma carga menor, o produto se tornaria mais barato e mais pessoas iriam consumir, até aquelas que estavam deixando de comprar o produto original para comprar o produto pirata. Vai depender muito do quanto o preço influencia na quantidade consumida.

Concluindo, é de extrema importância a atitude dos governantes em relação a esse tema. A primeira ferramenta, o aumento no preço do produto pirata, é uma ferramenta que não será efetiva até o final. Dependendo do produto, o preço em relação ao original ainda pode fazer com que seja mais atrativo comprar o pirata. As duas ferramentas terão que ser utilizadas de modo a contribuir da melhor maneira possível para o mercado. Mas é preciso considerar que temos que conscientizar as pessoas de que o dinheiro gasto com produtos piratas tem um fim certo: A bandidagem.

terça-feira, maio 23, 2006

A Ilusão da Igualdade e a Contradição de sua Aplicabilidade

São dados os valores do Iluminismo nos três ideais da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade. Acredito que, dos três, o ideal da igualdade foi o mais deturpado; e essa distorção trouxe seriíssimos problemas, não apenas no plano intelectual como na plano prático. Ou alguém nega os milhões de mortes do socialismo?

Primeiramente, entendamos o contexto no qual a igualdade se elevou como valor no século XVIII. Para isso, devemos nos lembrar do iluminismo como oposição ao Antigo Regime. Nesse quadro, a defesa da igualdade não estava na defesa da igualdade material de todas as pessoas, mas sim na igualdade de direitos, opondo-se à antiga sociedade de privilégios. Assim, entende-se que entre a igualdade iluminista e o princípio de igualdade material do socialismo, uma distorção ocorreu.

É assim que chegamos na ilusão da igualdade. Originalmente, não se contemplava a idéia de que todos somos iguais, mas a de que nascemos com direitos iguais. No século XIX, essa idéia mudou, começou-se a crer na idéia de que todos somos iguais e, por causa disso em certa medida, todos merecemos materialmente as mesmas coisas.

Entretanto, contra esse raciocínio há um fato muito claro: as pessoas são diferentes. Existem homens e mulheres, pessoas com cabelo liso e ondulado, pessoas com talentos artísticos, esportivos e intelectuais. E isso é dado, tendo cada indivíduo de conviver e aproveitar suas características. Logo, é totalmente irracional qualquer indignação a afirmações do tipo “homens em média têm resultados melhores em áreas exatas do conhecimento” ou “mulheres têm em média melhor desempenho escolar”.

Além disso, tratar diferenças como aspectos negativos e esforçar-se para dirimi-las é falacioso. Sob o ponto de vista da eficiência econômica, por exemplo, a igualdade é péssima. Em um mundo onde todos têm a mesma produtividade, não existem incentivos a trocar ou a dividir trabalho*, atos que historicamente permitiram um aumento brutal na produção agregada da humanidade.

Por fim, é importante mostrar** como a igualdade de direitos e a igualdade material são objetivos contraditórios. Suponhamos que o Estado se incumba de igualar materialmente todos seus cidadãos. Para tanto, ele deverá tomar de alguns e repassar a outros. Percebe-se que nesse caso o “grande irmão” deixa de tratar todos seus cidadãos imparcial e igualitariamente. Ademais, é fácil de demonstrar que o poder político apenas eliminará as diferenças de poder econômico provocando diferenças ainda maiores no poder político.


* Gostaria de me alongar nesse ponto, acerca de vantagens comparativas e ganhos de troca, mas me limitei objetivando um texto mais conciso.
** F. A. Hayek discute essas questões de forma muito superior à minha n'O Caminho da Servidão. Recomento a leitura.

domingo, maio 21, 2006

Afinal, a verdade existe?

Convido os leitores deste blog a mudar um pouco de foco; a economia e a política são sem dúvida importantíssimas, mas mais elevada que ambas é a filosofia. É a uma questão filosófica que nos dedicaremos. Não a uma questão qualquer, de importância menor, mas a uma das mais importantes que há: “a verdade existe?”. As duas possíveis respostas a essa pergunta fundamental (“sim” ou “não”) dão origem a visões de mundo tão absolutamente opostas que entre elas nenhum compromisso é possível, e por isso estão destinadas à constante guerra intelectual.

Nos dias de hoje não é incomum responder-se à pergunta na negativa. Na minha própria faculdade, dois professores já declararam que “a verdade não existe”. Com todo respeito a eles, não é uma posição muito forte, pois para refutá-la basta uma mera pergunta. Sim, a tese “a verdade não existe” é demolida com esta singela interrogativa: “isso é verdade?”. De duas, uma: ou a tese “a verdade não existe” é falsa, e nesse caso pode-se concluir seu oposto (“a verdade existe”), ou então ela é verdadeira. Mas se a tese é verdadeira, então algo é verdadeiro (a própria tese), e portanto a verdade existe! A afirmação “a verdade não existe” prova que a verdade existe. Nossos próprios adversários lutam involuntariamente em nosso favor; mas não se dão por vencidos facilmente. Assim que sua defesa é destruída, mudam logo de estratégia.

Muito bem, concordariam, a verdade de fato existe. Existe, mas é relativa. “Toda verdade é relativa”, ou seja, nada é absolutamente verdadeiro, nada é sempre verdadeiro. Não se espantem, leitores, mas essa nova tese, essa nova ofensiva contra a verdade absoluta, é tão forte quanto a anterior: também é refutada com uma pergunta. “Toda verdade é relativa”, afirma-se; pergunta-se, então, “essa tese é uma verdade absoluta ou relativa?”. Novamente, duas respostas são possíveis: a tese “toda verdade é relativa” pode ser uma verdade absoluta, e portanto existe uma verdade absoluta (a própria tese), e portanto nem toda verdade é relativa; alternativamente, a tese pode ser uma verdade relativa. Nesse caso, ela não é sempre verdadeira, não é verdadeira para todos os casos possíveis (porque se fosse, seria uma verdade absoluta); e se ela não é verdadeira para todos os casos, então para alguns casos ela é falsa; portanto a verdade absoluta existe. Mais uma vez a posição adversária é a nossa arma mais eficaz.

Concluímos, então, que a verdade existe e que ela não é completamente relativa. Mas é um fato que existem verdades relativas. Eu, por exemplo, gosto de feijoada; já Luiz não gosta, e nenhum de nós dois está certo ou errado nesse gosto. Portanto, “feijoada é bom”, na medida em que expressa um gosto de alguém, é uma verdade relativa. No entanto, “Joel gosta de feijoada e Luiz não”, e “feijoada é bom segundo Joel” são verdades absolutas. Vê-se, assim, que mesmo as mais relativas das verdades (o gosto pessoal de cada um) podem ser expressas como verdades absolutas.

O último recurso de quem não quer aceitar essas conclusões, de quem está comprometido até o fundo da alma com o relativismo, é questionar os princípios da lógica. Se a lógica for uma enganação, se algo puder ser verdadeiro e falso ao mesmo tempo, então, de fato, não há porque aceitar os argumentos que provam que a verdade existe e é absoluta. Mas também não há como continuar nenhuma discussão, pois poderiam negar tudo aquilo que aceitam sem problema algum. Resta a cada um ir para o seu lado: uns, aceitar a verdade e encarar a realidade, usando da razão para entender o que há à sua volta, e outros para seu próprio mundo, no qual existem solteiros casados e círculos redondos, onde o ser é o não-ser e o bem é o mal; onde, enfim, a verdade é relativa e o erro é absoluto.

sábado, maio 20, 2006

O funcionamento de uma mente criminosa

Muitos se indagam acerca dos motivos que levam uma pessoa a seguir uma vida fora da lei. Dizem ser o fenômeno da violência oriundo de causas socioeconômicas, e que esses seguem essa vida apenas por não terem oportunidades. Vão além, afirmam que enquanto não houver uma distribuição de renda igualitária, a violência não cessará. Como tentarei mostrar adiante, isso não é verdade. Embora uma má distribuição de renda seja algo ruim em sua essência, esta longe de ser a maior causa da criminalidade. Dessa forma, a busca pela redução de infrações penais não justifica políticas sociais que visem alterar a distribuição de renda de maneira artificial, pois existem meios mais eficientes de obtê-la. Bom, vamos aos fatos.

Qualquer pessoa no momento de escolher sua carreira, inconscientemente ou não, faz uma análise de custo-benefício subjetiva, visando escolher a profissão que lhe traga mais ganhos. Para os que conhecem conceitos econômicos, ele vê de qual profissão derivará maior utilidade.

Para facilitar, vamos imaginar que possamos quantificar a satisfação que cada fato gera para as pessoas. Esse valor pode ser tanto positivo quanto negativo, dependendo se o fato agrada ou não o indivíduo. Estou consciente de que essa metodologia é falha, mas acredito que no caso seja adequada, pois visa apenas ilustrar e tornar inteligível algo puramente abstrato.

Assim, um indivíduo ao decidir qual carreira seguir, realizou, na verdade, uma análise cuidadosa de tudo, relacionado a carreira, que lhe soma e subtrai satisfação. Dessa forma, está levando em conta a expectativa de ganhos monetários, os sacrifícios pessoais que espera fazer em prol de sua profissão, o status que espera ganhar, ou perder, os eventuais conflitos morais que a atividade possa gerar, etc.
Notem que cito sempre “esperado”, “expectativa”, “espera” e afins. Faço isso porque uma pessoa não tem como prever com certeza o futuro. Assim sendo, ela faz a melhor previsão possível, e baseia sua decisão na mesma.

Bom, de posse dessas informações, podemos partir para a análise do processo decisório de um bandido. Suponhamos nosso indivíduo ser um homem de classe baixa, com baixa escolaridade, pouco afeito ao trabalho e com convicções morais falhas, o dito excluído social. Ele tem duas possibilidades. Ou mantem-se honesto e vai trabalhar como Office-boy, ou parte para o mundo do crime e torna-se um seqüestrador. Ele fará suas previsões para ambas as opções e decidirá por aquela que lhe seja mais vantajosa.
Para simplificar, suponhamos que ele leve em conta na hora de tomar sua decisão os seguintes quesitos: retorno monetário esperado, status perante seu meio social, horas de trabalho semanais, risco e moralidade.

Suponhamos agora que o emprego de office-boy ofereça um salário baixo, um status perante o meio social moderadamente alto (as pessoas ainda apreciam a honestidade!!), não apresente riscos altos e exija muitas horas de trabalho semanais. Claramente, para o perfil de nosso hipotético objeto de estudo, esse caminho não representa algo muito vantajoso, pois provavelmente sentir-se-á muito incomodado com o baixo salário e as várias horas de trabalho que são necessárias por semana, além de se importar pouco com o quesito moralidade, que poderia representar o diferencial para que se mantivesse longe do crime.

Agora, imaginemos que a atividade de seqüestrador lhe renderá proventos monetários maiores e horas de trabalho menores, de forma que mesmo os aspectos negativos nos quesitos risco, moralidade e imagem social não consigam tornar a atividade menos atraente que o emprego de office-boy.

Após um tempo, a população, farta de ser aterrorizada por malfeitores, passa a exigir atitudes mais enérgicas por parte do Governo. Esse, por sua vez, atende às demandas da população e investe mais em segurança, tornando suas forças policiais mais eficientes e seus presídios mais severos.
Esse novo fato muda completamente a análise de nosso indivíduo. Seu fator “risco” agora tem um peso negativo muito alto, pois ele sabe que as chances de ser pego, ao cometer um crime, são grandes.

Assim, para que siga na vida criminosa, exigirá um maior retorno monetário, ou alguma outra vantagem que antes não existia. Se o fator risco crescer de tal forma que torne impossível que os eventuais “benefícios” de uma vida criminosa o superem, então teremos o fim da criminalidade. Claro que em termos práticos, é impossível que isso aconteça. Porém, é possível que eles cresçam de forma a coibir que muitos dos hoje criminosos continuem nessa vida. Vale ressaltar também, que nessa linha de raciocínio podemos ver como fatores como desarmamento, religiosidade, e etc, influenciariam em uma eventual decisão.

Portanto, discursos dizendo que investimentos em segurança são inúteis, pois as causas da criminalidade são sociais, ou então que o fato da população estar armada não afeta em nada na decisão de um bandido cometer ou não um crime, são completamente equivocados.
Claro que, conjuntamente com esse endurecimento do Estado, é melhor que se invista em educação, visando fazer com que a população pobre tenha uma maior expectativa de retorno com trabalhos honestos e, assim, tenha mais um motivo para se manter longe do mundo dos crimes.

quarta-feira, maio 17, 2006

Credibilidade no Fundo do Poço

Ouvi ontem no Rádio, pela manhã, que a maior parte das notícias que ouvimos antes de ontem não passaram de boatos criados pela comunicação sem credibilidade que assombra nosso arcabouço de notícias. Mais precisamente, essas supostas “notícias” que alguns sites colocavam na Internet ou ouvíamos pelo boca-a-boca típico do caos não tinham valor de verdade algum. Ouvi também que na “guerra” que passamos nesses três dias, o governo também perdeu a guerra da comunicação por não se pronunciarem de maneira adequada, com o intuito de acalmar os nervos da sociedade.

Saiu na Veja dessa semana uma pesquisa encomendada em nove países para saber se a população acreditava mais no governo ou na mídia. O resultado não foge da nossa realidade:na média, a população tende a acreditar mais na mídia que no governo e em relação ao nosso país, não é diferente (estamos falando de notícias).

Não me assombra o fato de que neste país a mídia tenha mais credibilidade que o governo, já que o segundo não tem ética suficiente para ter, pelo menos, um mínimo de credibilidade. Um governo que é responsável pelo maior desvio de dinheiro público já visto e que não tomou nenhuma atitude sensata para castigar os agentes responsáveis não teria um aval positivo da sociedade. Credibilidade esta diretamente relacionado a confiança e ética. Como pode a política ter credibilidade por aqui? A segunda-feira caótica que passamos comprovou que nossa sociedade acredita piamente em quase tudo que a mídia coloca, mesmo que não contenha veracidade alguma.

Voltando a pesquisa, não fiquei espantado quando vi que países como a Inglaterra e a Alemanha têm índices de confiança no governo maior que o índice de confiança na mídia. Apesar de um passado e um presente um tanto quanto discutíveis (Escândalos na gestão de Tony Blair), esses países são caracterizados por uma transparência muito maior e de informações muito mais precisas que as do nosso governo. Além disso, as leis são capazes de punir agentes do governo responsáveis por corrupção. Ao mesmo tempo, a cobrança feita pela população é muito mais forte e mais eficiente do que a nossa. Para ter credibilidade, é preciso também ser transparente e maduro.

Nossa política está longe de alcançar a transparência e muito mais longe de consolidar a ética. Ao mesmo tempo, nossa população não esta engajada em atuar de maneira pró-ativa para modificar as regras do jogo do nosso governo. Desta maneira, a credibilidade esta fadada a ser fraca nos três poderes e a mídia vai continuar tendo um certo controle sobre nossas escolhas, se aproveitando nos momentos em que a informação é totalmente heterogênea para ganhar a audiência e a confiança do público quando não existe um outro alicerce para que a população se firme.
Abraço a todos e bom final de semana!

segunda-feira, maio 15, 2006

Contribuição

Regras de bolso nem sempre são de utilidade indiscutível. Contudo, elas possuem o mérito de simplificar alugumas situações a um ponto de complexidade suficiente para facilitar a tomada decisões.

Uma das minhas regras de bolso preferidas é aquela que diz que a iniciativa privada oferta o mesmo bem ou serviço que a iniciativa pública de forma mais eficiente e eficaz. Pois bem, dentre as rebeliões e os ataques de hoje o nível de complexidade da organização criminosa que orquestrou esse caos se torna claro. Ele é alto e decorrente de uma falha amplamente noticiada hoje: problemas no sistema penitenciário.

A proposta é simples. Privatização ou, ao menos, desmonopolização dos presídios. Acredito sinceramente que com o mesmo gasto público que o sistema possui hoje, iniciativas privadas na construção de presídios possuiriam diversas vantagens em relação à situação atual. Haveria maior segurança, menor probabilidade de fuga, melhores condições de vida para dententos (sem vislumbrar ou não esse fato como desejável), menor número de rebeliões e, por fim, algo até agora praticmente impossível (!!), bloqueio do uso de telefones celulares.

Ademais, creio que qualquer restrição desejada pela sociedade no sistema penitenciário, dentro dessa proposta seria apenas questão de regulamentação. Obviamente, tais medidas teriam maior aproveitamente fossem feitas severas mudanças na legislação criminal. Ouso, até na famigerada Constituição.

sábado, maio 13, 2006

O Brasil e o Estado Democrático de Direito


Não sei o que é pior: sucessivos ataques de facções criminosas contra postos e delegacias de polícia ou ler essa notícia na parte de “Cotidiano” do jornal. É incrível como a violência e a baderna tomaram nosso país. E mais ainda, é incrível como a população e a classe política com sua retórica demagógica aceitam tudo com normalidade.

Para os menos atentos, farei uma concisa descrição do ocorrido. O Governo do Estado, visando desarticular a rede criminosa e, porque não, terrorista do PCC, realizou uma transferência em massa de presos. Ao todo, foram transferidos 700 criminosos, entre eles a alta cúpula da acima citada facção.

Indignados com essa atitude, os pobres delinqüentes, que tiveram seus planos frustrados, resolveram lutar pelos seus direitos adquiridos, que só faltam ser legitimados pela constituição federal, e lançaram uma onda de ataques contra os policiais, na cidade de São Paulo e por todo o estado. O resultado, até o presente momento, são mais de trinta pessoas mortas, entre elas policiais, marginais e transeuntes.

Vendo essa situação, a indagação que fica é: será que realmente vivemos em um Estado Democrático de Direito? Ou será que isso é apenas mais um nome bonito e teórico para algo não observado na prática?

Para não me alongar em demasia, deixarei a refutação da suposta democracia em que vivemos para outro momento, e me aterei apenas ao estado de Direito. De maneira ultra-simplista, Estado de Direito é aquele onde nenhum cidadão se encontra acima da lei. Onde esta rege a vida de todos, tanto dos cidadãos comuns, quanto daqueles que as criam e tem o dever de aplicá-la. Além disso, a lei deve proteger os direitos fundamentais de cada um, garantindo que as pessoas de bem não tenham suas liberdades pessoais prejudicadas por ninguém.

Esse é, indubitavelmente, um princípio de beleza ímpar. A lei visando garantir o bom funcionamento da sociedade, visando impedir que a injustiça reine e que governantes usem seu poder para impor suas vontades, de maneira descabida, ao povo.

Mas, comparando esse conceito com a realidade, nos deparamos com uma ironia tragicômica. Uma situação como a que estamos enfrentando mostra a fragilidade de nosso Estado de Direito. Enquanto os reais causadores dessa onda de barbárie e terror, os líderes do PCC e suas hostes, não sofrerão punição alguma, a população honesta terá de continuar convivendo com o clima de terror e insegurança que permeia a nossa sociedade.

O conflito aqui, se dá na medida em que o legislador brasileiro não compreendeu, e ainda não compreende, de maneira correta o real significado de Estado de Direito. Esse princípio visa criar um ambiente de segurança jurídica e institucional. Procura dar garantias à população de que terá seus direitos sacramentados, e nada, nem ninguém, a privará dos mesmos.

Mas, para isso não é necessária a existência de um sistema normativo inflado, com centenas de milhares de normas, que geram contradições entre si e o tornam ineficiente. São necessários, sim, princípios fundamentais, que norteiem a ação dos agentes públicos, mostrando quais direitos são realmente fundamentais e não podem, de maneira alguma, ser feridos.

E, mais importante do que tudo, é necessário que o Estado possua a liberdade para a aplicação de penas mais severas onde for necessário, visando manter os ditos princípios realmente imaculados.

Assim, torna-se claro que as mentes criminosas que planejaram esses ataques, juntamente com seus executores, feriram uma série de princípios fundamentais do Estado de Direito. Afinal, alguém aqui sente-se seguro para fazer um passeio noturno, ou até mesmo diurno, pela cidade? Alguém aqui acredita que seus direitos fundamentais à vida, à propriedade, à dignidade, entre tantos outros, estão seguros?

Creio que não. Não sou vidente, mas tenho certeza que as medidas contra o acontecido serão incabivelmente brandas, e que nada de muito relevante será feito quanto ao assunto. A justificativa é sempre a mesma: “Esse é o preço da Democracia e do Estado de Direito, agiremos com a força que a lei nos permite”. Só que, é evidente que a força que a lei permite no caso é insuficiente, o mínimo aceitável seria a reclusão perpétua para esses elementos. O ideal? A pena de morte. Claro que essa ninguém cogita. Afinal, como pode em um Estado Democrático de Direito, moderno como o nosso, alguém cogitar tirar a vida de outra pessoa, assim a sangue frio?

quinta-feira, maio 11, 2006

Olá pra todos os leitores,

Gostaria de começar meu primeiro post agradecendo a iniciativa dos meus prezados amigos em querer montar um blog (sim... um blog!) e ainda por cima me convidarem para fazer parte do mesmo. Sei que estou aqui junto com 3 grandes críticos de ótima qualidade. Mesmo assim ainda me atrevo a fazer parte desse espaço e expressar alguns pontos de vista. Começarei com um breve comentário sobre política no qual não pretendo me alongar, mas instigar meus amigos e potenciais leitores a fazerem uma reflexão sobre o tema.
Obrigado Joel, Luiz e Werther pelo convite.


Segue:

É inexplicável a capacidade dos políticos do nosso país em fazer mal uso das ferramentas macroeconômicas....Estes parecem que sofrem de uma miopia que me faz sentir como se não tivesse nenhum problema de vista (Sim, eu tenho miopia). O que mais me incomoda nisso tudo é a falta de pró-atividade da maioria dos agentes políticos em querer fazer esse país entrar numa rota de crescimento sustentável. Mais uma vez, como em toda nossa história, parece que os políticos estão mais interessados em maximizar a capacidade de dinheiro em suas contas do que criar instituições sólidas e suficientes de modo a beneficiar toda a sociedade, e ai sim, serem de alguma maneira lembrados por coisas decentes e ficarem marcados na história pelas decisões tomadas e não pela corrupção desenfreada que estamos vendo ao longo desse 3 anos e meio de Governo Lula e anteriores.

As eleições estão ai e a sociedade como um todo não parece nem ligar para todos os acontecimentos (ou estão alienadas de alguma forma) que os jornais e as CPIs relatam e divulgam. É uma pena, mas o voto de cabresto ainda existe e uma terra firme está longe de ser encontrada nesse barco sem rumo da política!

terça-feira, maio 09, 2006

Apresentação

Uma pequenina embarcação, tendo passado dias à deriva, avista ao longe um continente, terra sólida na qual os navegantes podem desembarcar. “Terra à vista!”, grita um tripulante do alto do mastro. Todos no pequeno barco podem respirar aliviados, pois os dias de incerteza e sofrimento que passaram perdidos e sem rumo em alto-mar estão próximos do fim.

Cenas como essa já não fazem parte de nossos tempos. Pertencem exclusivamente às páginas dos livros de história e aos romances de aventura. No entanto, nunca o encontro com a terra firme se fez tão necessário e urgente à humanidade. Não falo aqui, obviamente, da terra firme literal, aquela em que pisamos todos os dias e sem a qual nossa própria sobrevivência seria impossível; essa, malgrado as previsões dos ambientalistas, ainda não foi inundada e perdida pelo derretimento das calotas polares. A terra que falta à humanidade não é aquela na qual firmamos nossos pés, mas sim aquela na qual sustentamos nossas mentes; é a solidez e segurança da possessão da verdade, sem a qual é impossível pensar e agir corretamente; sem a qual podemos sobreviver como animais, mas nunca viver como homens.

Qualquer pensamento que tenhamos, qualquer idéia ou linha de raciocínio que viermos a desenvolver parte necessariamente de crenças ou princípios que julgamos serem verdadeiros. Da mesma forma, todas as nossas ações se baseiam em um ordenamento interno de valores que possuímos, e da avaliação das circunstâncias nas quais a ação se dará. É impossível ter qualquer pensamento sem se admitir alguma verdade (e assim negar algo que é falso) e é impossível agir bem sem se admitir uma hierarquia de valores (e assim rejeitar hierarquias inferiores). Mas o homem moderno nega a existência da verdade, e a superioridade de qualquer sistema ético, e ainda assim insiste em pensar e agir.

É muito comum ouvir quem, do alto de sua sabedoria, declare que “a verdade não existe” e que “não há certo e errado”. Essa pessoa já deixou há muito a terra firme e agora se afoga no oceano do relativismo, onde vale tudo (afinal de contas, rejeitar algo significa afirmar a existência da verdade) e nada tem valor. Autocontradições, falácias, sofismas e slogans tomaram o lugar do pensamento verdadeiro. Ao invés da terra firme na qual se pode pisar e construir, mas na qual corre-se o risco de tropeçar ou ver uma construção ruir, preferiu-se a imensidão do mar, na qual é impossível sequer ficar de pé ou sustentar uma pedra que seja, e na qual o afogamento é a conseqüência final e inescapável. Em sua ânsia de não recusar nada e de nada impor, o homem moderno recusou a tudo e impôs a si mesmo o mais terrível dos fardos: a eternidade da autocontradição.

Não espanta constatar que, tendo já negado a possibilidade da verdade, tenha o homem abandonado também os princípios que devem reger sua ação. Falar de moral absoluta é, para as contraditórias mentes modernas, uma imoralidade absoluta. Toda moral, toda ética, defendem, é relativa. A conseqüência dessa doutrina é óbvia: se não há moral absoluta, então toda ação é lícita. Da degeneração do pensamento seguiu-se a degeneração das ações. O oceano do relativismo no qual tantos se jogam não é sequer um mar azul e saudável; é sujo, poluído e corrupto, infectado de todo tipo de doença. Nele perde-se não somente o pensamento mas também a integridade; não só o conhecimento, mas também a alma.

Mas não há motivo para desespero. Por mais que a maré do relativismo suba, algo da terra firme sempre continuará acima da superfície. Pois a verdade tem essa vantagem: ainda que os erros sejam múltiplos e a ataquem por todos os lados, ainda que sejam mais populares e dominem a mente de muitos, a verdade é irrefutável; não importa a força da mentira, ela é incapaz de transformar o verdadeiro em falso. É com essa certeza que nós, jovens estudantes, iniciamos este blog. A luta é longa e muito além de nossas capacidades; mas a solidez da verdade nos garante que, ainda que pouco a pouco, a vitória última é certa. Deste nosso pequeno barquinho virtual, esperamos ajudar quem por ventura nos leia a sair dos erros e vícios, do mar de lama que é a mentalidade relativista contemporânea, e navegar aos poucos até o porto seguro da verdade e da virtude.

No início de 2005, o atual papa Bento XVI (na época cardeal Ratzinger) afirmou que vivemos sob uma “ditadura do relativismo”; convocamos nossos leitores a fugir dessa opressiva tirania, dessa ditadura sanguinária e desumana, e embarcar rumo à liberdade e segurança da verdade absoluta.

“Terra à vista!” – respiremos aliviados; o percurso ainda é longo, mas a chegada é garantida.