sexta-feira, agosto 27, 2010

O Fogo Divino, os Santos e os Pecadores

"Partiram de Sucot e acamparam em Etam, na periferia do deserto. O Senhor os precedia, de dia, numa coluna de nuvens, para lhes mostrar o caminho; de noite, numa coluna de fogo para iluminar, a fim de que pudessem andar de dia e de noite.” Êxodo 13, 20-21

"A coluna de nuvens que estava na frente postou-se atrás, metendo-se entre as tropas dos egípcios e as de Israel. Para uns a nuvem era tenebrosa, para outros iluminava a noite, de modo que durante a noite inteira uns não podiam ver os outros.” Êxodo 14, 19-20

Já defendi em outro lugar - e é uma tese em nada estranha à autêntica tradição cristã - que a punição do inferno está intrinsecamente ligada ao estado da alma ao qual ele corresponde: amar uma criatura mais do que ao Criador. Preferir um bem finito e relativo ao Bem absoluto, que é a única fonte possível da felicidade humana, é condenar-se à miséria eterna. A dor sensível é decorrência do mau moral.

Hoje quero explorar um ponto ligado a essa idéia: a dor dos condenados e o deleite dos santos provêm do mesmo objeto. Toda a diferença entre a alma em estado de beatitude e a alma condenada reside na disposição delas perante Deus. Quero ilustrar isso com a imagem do fogo, muito cara à tradição católica, que é composta basicamente da Bíblia, dos ensinamentos magisteriais e dos escritos de santos e místicos.

A primeira imagem que nos vêm à cabeça quando falamos de fogo num contexto cristão é o Inferno. A dor dos condenados sendo consumidos por seus próprios crimes, remorsos e desejos maus é comumente representada pelo fogo, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. O próprio Cristo, por exemplo, explica a parábola do joio e do trigo: “O joio são os filhos do maligno. [...] Como se junta o joio para ser queimado ao fogo, assim acontecerá no fim do mundo. O Filho do homem enviará os anjos e eles recolherão do Reino todos os escândalos e todos os promotores da iniquidade, e os jogarão na fornalha de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 13, 38.40-42). O remorso e o desespero de se saberem claramente maus consome a alma dos condenados; os desejos desordenados de sua vida agora queimam com intensidade máxima; com a morte, a alma dirige-se, determinada e sem titubeios, àquilo que amava em vida. O fogo é uma imagem particularmente forte: é aquilo que a tudo consome e destrói, implacável e doloroso.

Mas essa imagem aparece também em outro contexto: para falar de Deus. A mesma passagem acima continua: “É então que os justos brilharão como o sol no reino do Pai.” João Batista batizava com água, mas anunciava alguém que viria batizar “no Espírito Santo e no fogo”. O Espírito Santo, quando desce aos apóstolos (pouco depois da ascensão de Jesus ao céu), aparece como “línguas de fogo”; e não podemos nos esquecer da sarça em chamas que fala a Moisés e várias outras imagens do Antigo Testamento.

Cristo diz que veio “pôr fogo à terra”. Pensamos em primeiro lugar na justiça terrível a ser feita contra os maus e impenitentes. Mas esse mesmo fogo efetua a salvação dos justos. Explica S. Paulo: “Se sobre este fundamento [Jesus Cristo] alguém edifica ouro, prata, pedras preciosas ou madeira, feno, palha, a sua obra ficará manifesta, pois em seu dia o fogo o revelará, e provará qual foi a obra de cada um. Se a obra constituída sobre o fundamento resistir, o autor receberá o prêmio, e aquele cuja obra for consumida sofrerá o dano; ele, todavia, se salvará, mas como quem passa pelo fogo.” (1Coríntios 3, 12-15). Aqui a oposição não é entre os justos e os condenados, mas entre os justos que se santificam ainda em vida e aqueles que, embora estejam no caminho bom, embora ergam suas obras no fundamento de Jesus Cristo, ainda deixam muito a desejar. É o fogo o teste que revela a obra de ambos. E aqueles cuja obra não resistir ainda terão que passar “pelo fogo” mais uma vez, isto é, pela purificação além-morte, pelo mesmo fogo dos condenados, mas numa duração finita. Em suma, o estado que se convencionou chamar de Purgatório. O fogo consome, mas também purifica e endurece. A argila temperada no fogo (imagem minha), resiste àquilo que quebraria a argila mais frágil.

O fogo também é usado para representar o amor, como no “fogo que arde sem se ver” de Camões. S. Tomás de Aquino usa a mesma imagem para o efeito do fogo: aquecer. Assim como o mesmo fogo age com maior força no que está perto do que no está distante, assim também a caridade ama com maior fervor aqueles que estão unidos a nós do que aqueles mais distantes; e sob esse aspecto o amor pelos amigos, considerado em si mesmo, é mais ardente e melhor do que amor pelos inimigos.” (ST, II-II, q. 27, a. 7). “Deus é amor”, diz S. João. E o que é o fogo do amor-caridade senão o próprio Deus enquanto vive e age na alma humana? Com efeito, o coração de Cristo é sempre representado, na arte sacra, como um coração em chamas.

Nessa mesma linha, o misticismo ocidental usa a imagem do fogo para descrever a ação do Espírito Santo. João de Ruysbroeck (não sei se é o primeiro a usar a imagem a seguir; mas é o primeiro que me lembro diretamente), monge flamengo do século XIII, bota nestes termos: “Se um homem quiser penetrar mais fundo, com seu amor ativo, nesse amor de fruição: então todas as potências de sua alma devem ceder, e devem sofrer e pacientemente suportar a Verdade e o Bem penetrantes que são o próprio Deus. Assim como [...] o ferro é penetrado pelo fogo; de modo que ele faz, pelo fogo, as obras do fogo, pois ele queima e brilha como o fogo. [...] E no entanto cada um permanece com sua própria natureza. Pois o fogo não se transforma em ferro, e o ferro não se transforma em fogo, embora sua união seja não-mediada; pois o ferro está dentro do fogo e o fogo está dentro do ferro...”. Essa imagem é muito rica, e mais tarde rendeu um novo elemento: é pela ação do fogo que o ferro se torna moldável, ou seja, dócil à ação do Espírito na alma que produz a transformação espiritual e moral do indivíduo no próprio Deus (theosis). Como o metal que participa do fogo, a criatura participa do Criador, ainda que ambos preservem suas naturezas. O Céu, lembrou Bento XVI esses dias, é viver no amor de Deus.

E o Inferno é rejeitar esse amor. Voltemos à Bíblia: na parábola do semeador que joga suas sementes pelo caminho, é o mesmo sol que faz as plantas nascerem e crescerem e que faz com que aquelas que crescem em solo pedregoso sequem e morram. Quero, com tudo isso, apenas apontar um fato: depois dessa vida, nos encontramos com Deus. E o estado da nossa alma consiste na nossa reação a esse encontro. Para uns é o fogo do amor unitivo, para outros o da purificação esperançosa e para ainda outros o fogo da destruição. Santos e condenados se encontram na presença de Deus. A distância que os separa é a distância espiritual entre amar o Bem ou detestá-lo. Para os egípcios a coluna de nuvens/fogo cegava e aterrorizava; para os judeus, guiava e protegia. É como escreveu C. S. Lewis: “No final há apenas dois tipos de pessoa: as que dizem para Deus ‘seja feita a Vossa vontade’, e aquelas a quem Deus diz, no fim: ‘seja feita a vossa vontade’”.

quarta-feira, agosto 18, 2010

Anti-capitalismo, Escolha o Seu

Muita gente é contra o livre mercado porque, sem a intervenção do governo, a economia não prospera. Máquinas substituem trabalhadores. O capital, ao invés de ser usado na produção, vai para a especulação. O desemprego aumenta, uma minoria de ricos enriquece enquanto uma massa crescente de desempregados vive da mão para a boca ou morre de fome. Com menos consumo, a produção cai. Todos ficam tímidos e com medo de investir devido ao risco, e então entesouram seu dinheiro em casa, tirando-o de circulação; o mercado como um todo vai à falência.

Já outro argumento, vindo frequentemente das mesmas bocas, sustenta que o livre mercado é mau porque cria nas pessoas, por meio da propaganda, um milhão de falsas necessidades, fazendo da massa (exceção feita, claro, aos “conscientizados”...) zumbis do consumo, atrás de celulares, carros e tênis comprados em 20x “sem juros”. Escravos do consumo, perdem o gosto pela vida simples e pelos bens mais elevados do espírito.

Meninas preocupadas com o peso têm que escolher entre o doce e a fruta, jovens angustiados têm que escolher entre exatas e humanas; agora chegou a vez dos intervencionistas escolherem qual dos dois ataques ao capitalismo deve permanecer; pois os dois ao mesmo tempo não dá! Ou o livre mercado destrói empregos e empobrece as massas impedindo-as de consumir o básico, ou ele as enriquece de tal maneira que as permite viver atrás do supérfluo. Teses contrárias não podem ser ambas verdadeiras.

Mas podem ser ambas falsas. Vejam só: a falácia do desemprego resultante do livre mercado é das mais velhas da ciência econômica. Não, a tecnologia não gera desemprego: pelo contrário, ao tirar trabalhadores de algum ramo que fica mais eficiente com máquinas, ela libera mão-de-obra para outros ramos, que antes recebiam menos trabalhadores ou até mesmo nenhum. Se uma máquina sozinha dá conta de produzir o alimento, podemos parar de trabalhar o dia inteiro na plantação e escrever livros, trabalhar em hospitais, etc. E não precisamos ter medo do entesouramento. Mesmo que uma parcela da população entesourasse seu dinheiro (isto é, escondesse embaixo do colchão ao invés de ganhar juros aplicando no banco - que o usaria para novos investimentos) o efeito dessa retirada do dinheiro da economia seria a queda dos preços; ou seja, quem não tomou a decisão genial de esconder seu dinheiro e não ganhar juros (e eu pensando que no capitalismo as pessoas eram gananciosas...) poderá comprar mais produtos a preços reduzidos. Ao longo do século XIX a tendência era de queda de preços (que é o natural quando a produtividade aumenta) e todas as economias cresceram muito; os perigos da deflação são um mito.

Quanto ao consumo zumbi, tenha dó, né? Em tempos muito mais liberais, portanto muito mais capitalistas, o consumismo não era um problema tão grande assim. Muita gente tem inveja e não gosta de ver, por exemplo, pobre consumindo. Se pobre compra celular que tira foto, é porque foi manipulado pelo marketing, e não porque sua vida será efetivamente facilitada. Ver consumismo genérico nos outros é a coisa mais fácil do mundo. Difícil é apontar os casos específicos. Pois é óbvio que o consumidor sabe que não precisa do tênis para sobreviver, assim como não precisamos de pratos e talheres; ele quer o tênis, pois o deixará mais confortável e vai pirar as minas na balada. A propaganda apenas apresenta a marca aos consumidores; tenta deixá-la gravada na cabeça deles para que se lembrem mais tarde e comprem o produto. A marca, por sua vez, tem o papel valioso de carregar informações. Se um tênis é Nike, já sei que será caro, mas também sei que posso esperar uma certa qualidade. Nenhuma das duas, propaganda ou marca, são infalíveis ou onipotentes; quantas campanhas publicitárias fracassadas já não ocorreram (ex: mudança de sabor da Coca-Cola), e quantas marcas antes poderosíssimas são hoje uma sombra (AOL, alguém?)...

Ouso dizer que, de fato, muitos gastam dinheiro com superfluidades. E a intenção por trás desses gastos é, via de regra, impressionar os demais; um desejo que, embora moralmente questionável, não foi engendrado nem pelo capitalismo nem pela propaganda. Não é de hoje que a vaidade (que, mais do que a preocupação com a beleza física, é o querer ser glorificado aos olhos dos demais) é um pecado capital. Tenho a forte impressão que muita gente com objeções ao capitalismo objeta, na verdade, ao pecado original; mas isso é outro assunto...

Quer ser anti-capitalista, vá lá, é direito seu, ninguém é perfeito. Se os argumentos serão bons ou não, veremos caso a caso. Mas antes de começar, preste a si mesmo a cortesia de verificar que os ataques são, ao menos, internamente consistentes. Melhor tomar o risco de fazer uma escolha de uma opinião que pode ser falsa do que sustentar opiniões que, conjuntamente, não têm como ser verdadeiras.

Postado originalmente no Instituto Mises Brasil.

quinta-feira, agosto 05, 2010

A Morte nas Esferas Pública e Privada

Não sabemos lidar com a morte. Com menos gente morrendo “fora de hora” (o que é bom), pensamos menos nela. Ao mesmo tempo, a mídia e a Internet confundem as esferas pública e privada. Antes, saber que alguém distante morreu era só mais um fato abstrato; agora temos que ver a mãe chorando na TV e os vídeos-tributo que os amigos publicaram no Youtube. Sentimentos privados vêm a público, e todos se sentem obrigados a partilhar do sofrimento de quem era próximo. Pior: confundimos isso com respeito.

“Que homem bom: ele sente profundamente a morte de todos os seres humanos” - isso pode bem ser verdade, mas as poucas pessoas que de fato sentem assim só se encaixam em dois tipos de vida: se acreditam numa transcendência, vida dedicada à oração ou ritos propiciatórios para os que se foram. Se atéias, vida melancólica contemplando a tragédia da humanidade destinada aos vermes. Claro, a imensa maioria não está nem aí para a morte de desconhecidos, caso contrário viveríamos em luto constante, pois tem sempre alguém morrendo.

Ficamos tristes quando morre alguém próximo. Quanto mais conhecemos sua vida, mas tocados ficaremos em saber de seu fim. Mas se desconheço o morto e não tenho relação com seus entes próximos, por que manter a pose e condenar como “desrespeitoso” quem não entre no jogo? Quem nunca riu com o Darwin Awards que atire a primeira pedra.

A morte de Lincoln não me toca. Não me sinto constrangido a me fazer de triste ou pisar em ovos para falar dele. O mesmo vale para quem morre no presente e é distante de mim. Isso não é falta de respeito nem com quem faleceu e nem com seus próximos, dos quais eu não sou próximo. Se conhecesse algum amigo seu, é claro que, nessa esfera privada, comportar-me-ia respeitosamente de acordo com o sofrimento alheio. Mas na esfera pública nada disso está em jogo, ou pelo menos não deveria estar.

Quando morre um intelectual, por pior que tenha sido, lá vêm os editoriais redimi-lo. Elegias não tardam a vir das fontes mais improváveis. Isso é especialmente verdade, na minha experiência, em círculos cristãos, que confundem a caridade devida aos mortos com falar uma coisa boa de quem morreu, mesmo que tenha sido crápula. Que me importa se Saramago morreu? Vou agora salvar sua alma? Tarde demais. Posso ajudá-lo de verdade rezando por ele, o que será virtuoso se feito privadamente. Espero que tenha ido para o céu e mantenho inalteradas minhas opiniões sobre sua obra e vida pública. No círculo dos entes queridos, ali sim é o lugar de lembrar o bem que ele fez; na esfera pública, nada de obituários chorosos de quem sempre o lamentou em vida. Quando morrer Fidel, virão elegias cristãs e conservadoras sobre “boas intenções infelizmente equivocadas” ou sobre a “realização imperfeita de um ideal”? Bota imperfeito nisso!

A morte é o maior drama da existência. Mas nem todas as mortes nos tocam. Uma coisa é a esfera íntima, e o respeito aos sentimentos de quem era próximo; outra coisa é a esfera pública, que não precisa e nem se beneficia de manifestações de tristeza e amor tardio. Alardear publicamente o comportamento apropriado à esfera privada não é virtude, é vaidade.

domingo, agosto 01, 2010

Nem Tudo é Racismo

Uma coisa que obviamente não é racismo: afirmar que existem diferentes raças humanas. Circulou por aí - não sei se ainda circula; ouvia muito no colégio - que “de acordo com a ciência” não existem diferentes raças no homo sapiens, e que afirmar o contrário já é ser racista. Quem primeiro inventou essa não duvido que fosse bem intencionado, mas errou feio mesmo assim. Pois é óbvio que existem diferenças entre os homens, que são passadas aos descendentes, e que permitem que classifiquemo-los em diferentes sub-grupos. Qualquer classificação em níveis inferiores à espécie, ou seja, entre indivíduos que podem se reproduzir entre si, terá um quê de arbitrária. Mas não é por acaso que pais brancos têm filhos brancos, e pais negros, filhos negros. Falar em raças e, dentro de raças, etnias, é plenamente racional e nada racista.

Outra coisa que não é racista é apontar que, dado existirem diferenças externas entre as raças, podem existir diferenças internas, fisiológicas e neurológicas - há, inclusive, remédios com efeitos diferentes em brancos e negros. E portanto também não é racista supor diferenças de habilidades entre as raças, ou seja, afirmar que uma raça é, em média, mais apta para a matemática, outra é mais criativa, outra é mais inteligente (ou é melhor em um tipo de inteligência), outra melhor em certos esportes etc.

Notar diferenças de comportamento entre populações de diferentes raças não é racismo. Logo, reagir de acordo também não o é. Assim, se 90% dos crimes fossem cometidos por loiros, e estes representassem 2% da população total, faria sentido que um comerciante, se quisesse, proibisse a entrada de loiros em seu estabelecimento. Na mesma nota da discriminação, achar pessoas de uma raça em geral mais bonitas, ou até se dar melhor com gente dessa ou daquela raça ou etnia, também não implica racismo. Os gostos e os jeitos são diferentes; nada de mau aí.

Tudo o que está listado acima pode ser efeito do racismo, mas não necessariamente o é. E o que é racismo? A melhor definição, na minha opinião, é ódio racial. Considerar ou tratar membros de outras raças como seres inferiores, sub-humanos; deixar que a opinião que se tem sobre a raça prevaleça sobre o conhecimento do indivíduo: “Se ele é da raça X, então tem que se comportar da forma Y”, o que efetivamente nega que o indivíduo em questão tenha livre arbítrio.

O fato de negros serem mais pobres que brancos não prova, de si mesmo, a existência de racismo. Um milhão de variáveis além de “os brancos odeiam os negros” podem explicar essa diferença: desigualdade educacional, culturas mais ou menos propícias à geração de riqueza etc. Mas a moda é ver racismo em tudo. Se não encontramos racismo aberto, então ele é mascarado e hipócrita, “e por isso mesmo muito mais perigoso”. Na verdade o mesmo vale para todos os preconceitos: machismo, discriminação religiosa, homofobia etc. É confortável colocar-se na posição de vítima sofredora ou de acusador indignado. Nossa sociedade estimula essas práticas, conferindo-lhes a aura falsa de superioridade moral. Então cada um tenta mostrar que sofre mais que os outros, encaixando-se em alguma definição de vítima para conseguir a sua migalha de condescendência. São vítimas apenas de si mesmos.