terça-feira, agosto 04, 2009

O Inferno é uma Raspadinha de Limão

O inferno é um assunto muito delicado hoje em dia. Inclusive, acho que é dos temas que mais geram resistência contra o Catolicismo. Esse é um ponto da sensibilidade humana que mudou muito. Séculos atrás, o inferno era a coisa mais natural do mundo; é, os maus são punidos eternamente mesmo e é isso, nada para se fazer drama, então trate de ser bom para não terminar lá. Hoje, mesmo quem acredita no inferno só o faz às custas de muito choro e ranger de dentes. “Mas como, todas aquelas pessoas, não é possível, são apenas seres humanos falíveis, não posso aceitar, é horrível demais!”

Embora tenha sua dose de sentimentalismo (o mundo moderno é muito sentimental!), acho que a sensibilidade contemporânea tem o seu ponto. Ser torturado eternidade adentro parece algo abusivo. Hesitaríamos em condenar mesmo os piores homens da história - Stalin, Mussolini, HITLER!!! - a uma pena desse tipo; o que dizer de homens comuns que, se bem que não foram nenhum modelo de virtude, também não cometeram grandes pecados? Quem seria capaz de condenar o sujeito “gente boa” da aula de inglês a torturas piores do que as piores que somos capazes de imaginar, não por um dia ou um bilhão de milênios, mas para todo o sempre?

A justificativa tradicional de que o pecado é uma ofensa a Deus, que tem dignidade infinita, e que portanto merece punição infinita não cola hoje em dia. Acho que o que falta, muitas vezes, é ressaltar o caráter voluntário e auto-infligido do inferno. O melhor jeito de se entender um conceito novo é com uma imagem ilustrativa. No meu caso, foi um sonho. Não; um pesadelo.

Consistia de dois elementos. O primeiro era eu. Na vida desperta tenho, a todo instante, inúmeros desejos e sensações. No sonho, tinha apenas um: sede. Uma sede muito forte, próxima da obsessão. Havia um calor no meu peito (na parte superior, logo abaixo da garganta), uma chama insuportável, um fogo dominador que precisava ser apagado, custe o que custar, por algo líquido e gelado. Meu ser se resumia a esse desejo. Esse é o primeiro elemento.

O segundo era um fluxo horizontal infinito de raspadinha de limão voadora. Imaginem um cano largo (diâmetro de uma cabeça humana, mais ou menos), suspenso na altura dos nossos ombros, com água passando. Agora tirem o cano e imaginem que a água continua a passar no mesmo formato cilíndrico. Era isso, só que ao invés de água era raspadinha de limão estupidamente gelada. Mas não dessas de praia, cujos cristais de gelo são grandes e bem distintos um do outro; pense numa raspadinha mais fragmentada, na qual os minúsculos cristais estão tão juntos que quase formam uma pasta; quem já tomou frozen margarita sabe do que estou falando. Agora só falta trocar o sabor da margarita pelo de limonada industrial, bem doce, dessas que são vendidas no McDonald’s ou no Burger King.

O resultado era matemático: entrei de cabeça, sedento, a boca aberta recebendo a raspadinha incessante que me invadia goela abaixo, sendo desnecessário engolir. Tão voraz estava que a velocidade do fluxo parecia pouca, de forma que eu me precipitava para frente para sorver ainda mais daquele gelinho salvador.

Era uma torrente implacável. O jato impiedoso cobria minha cara e descia pela minha traquéia impedindo a respiração. Contudo, a sede não passava. A pequena chama ainda queimava no meu peito. Talvez um pouco mais de velocidade, um pouco mais de voracidade... não adiantava. Fiquei sem ar e com ânsias de vômito. Seria uma boa idéia parar um pouquinho, fechar a boca, engolir e virar a cara de lado para respirar, mas na minha obsessão a única coisa que importava era saciar aquele desejo. A dor da falta de ar e a ânsia nauseante aumentavam sem que a sede diminuísse. O mergulho crescentemente insuportável nessa avalanche de limão me custava o ar vital sem retornar benefício algum. Eu sabia que a sede era insaciável e que estava em meu poder sair daquilo, mas não o fazia.

Logo acordei. A sede incontrolável, felizmente, fora criação do sonho, e dela restou apenas a imagem. Esse pesadelo maluco é para mim o melhor exemplo dos sofrimentos auto-infligidos, dos cursos de ação fracassados dos quais, embora reconheçamos o fracasso, não nos desviamos, obstinados num desejo mais forte que nosso melhor julgamento. O inferno, que é um estado da alma e não um lugar geográfico, deve, segundo penso, ser mais ou menos assim (só que com desejos e frustração existencial um pouquinho maiores).

Ilustração final, um trecho de Sto. Agostinho que li há alguns anos (no tratado “Sobre o Livre-Arbítrio”) e que pela primeira vez marcou essa idéia em minha mente:

“Certamente, o próprio fato de um desejo desordenado governar a mente já é, em si, uma punição nada desprezível. Arrancada da riqueza da virtude por forças opostas, a mente é arrastada pelo desejo desordenado à ruína e à pobreza; ora tomando coisas falsas por verdadeiras, e até defendendo essas falsidades repetidamente; ora repudiando o que antes acreditara e mergulhando de cabeça em novas falsidades; ora negando o assentimento a, e afastando da mente, argumentos claros; ora desistindo de encontrar a verdade e se delongando nas sombras da estupidez; ora tentando entrar na luz do entendimento mas logo desistindo, exausta.

“Nesse meio-tempo, a cupidez instaura um reinado de terror, assolando a vida e a mente humana com tempestades vindas de todas as direções. O medo ataca de um lado e o desejo do outro; de um lado, ansiedade; de outro, uma felicidade enganosa e vazia; de um lado, a agonia de perder o que se amava; de outro, a paixão por se adquirir o que não se tinha; de um lado, a dor da injúria recebida; de outro, o desejo ardente de vingança. Para onde quer que se vire, a avareza pode pinicar, a extravagância arruinar, a apatia esmagar, a obstinação incitar, a opressão enervar, e incontáveis outros males povoar e correr soltos pelo reino do desejo desordenado. Podemos, em suma, considerar essa punição algo trivial - uma punição que, como você vê, todos aqueles que não aderem à sabedoria sofrerão?”

19 comentários:

paizitchô disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
sttevams@gmail.com disse...

Bom dia Joel, meu nome é Sttevam.

Gostaria de saber aonde eu posso encontrar esse tratado de Sto Agostinho na integra. Meu email é sttevams@gmail.com

Agradeço desde já,

Sttevam

Joel Pinheiro disse...

Olha, encontrei o livro na Livraria Cultura. É uma edição da Hackett Press, que edita traduções filosóficas boas a preços baratos. Antes a Cultura estava cheia delas, hoje em dia não vejo muitas.

É em inglês (a tradução do trecho é minha), e acredito que na Amazon será fácil de achá-la. "On Free Choice of the Will".

Ricardo Leal disse...

Ótimo texto, Joel. Sobre Santo Agostinho, para quem consegue ler em italiano, está disponível a obra completa em http://www.sant-agostino.it/. O esquema de leitura on line não atrapalha consultas rápidas; por exemplo (entre tanta coisa) aos comentários que ele faz sobre os salmos.

O Ancião disse...

Opa! Sou então um homem de sorte, tenho em papel!!!

Sou um Agostiniano fanático, daqueles que tem os Comentários aos Salmos em papel. Que alegria ver alguém citando Agostinho! Quando falo dele, logo me dizem "Ah, o taxista da Grande Família, o Pedro Cardoso?".

Acho que é uma obra excelente de Agostinho, a mais filosófica sua. Não é rival da grandiloquência das Confissões, mas realmente é muito boa.

A Editora Paulus a publicou no Brasil em sua coleção patrística.

No meu blog de espiritualidade eu citei um parágrafo dela, para quem quiser mais um gostinho do "De Libero Arbitrio".

Ricardo Leal disse...

Bom, já que há um bom fanático aí do outro lado da tela: há uma edição bilingue das "Enarrationes" sobre os salmos, Ancião? Conheço em português uma edição monoglota bem feita mas fininha, apenas excertos da obra. Já meio antiga.

Joel Pinheiro disse...

É, eu gosto muito do Agostinho também (o Padre da Igreja, não o taxista). É incrível como as posições reais dele, quando vamos diretamente ao texto, são diferentes (e superiores) do que se costuma chamar de "posição agostiniana" ou "agostinianismo".

O Ancião disse...

Em homenagem aos amigos agostinianistas, mais um trecho do Libero Arbitrio, que vai na mesma linha do citado no post.

Não sei se há uma edição bilingüe dos Comentários/Enarrationes. Sei que há a edição (imensa) em três volumes da Paulus em Portugues (ainda que ache a sintaxe da tradução... hum... "peculiar"). Comprei pelo televendas deles, fizeram um desconto razoável para os três volumes. No site da newadvent, há as Enarrationes em inglês. Mas cuidado. Agostinho as escreveu usando a numeração da Septuagésima, e no New Advent eles nomeiam os salmos pela hebraica. Alias, acho que tem quase todas as obras de Agostinho lá, menos de libero arbitrio.

Realmente, pintam o "agostinianismo" mais agostiniano que o próprio Agostinho. Nosso pensamento atual, no fundo, é maniqueu (o que Agostinho abominava) e adoramos bipolos. Então o longo processo de fusão da antiguidade clássica com cristandade é vista com dois bipolos: Platão-Agostinho X Aristóteles-Tomás de Aquino. Ainda que no fundo a tomística não tivesse formalmente se oposto ao agostinianismo, mas sido fortemente sua usuária.

Por outro lado, se compreendermos a vida de ambos, creio que de maneira sobrenatural pode-se entender a razão do "pessimismo" de Agostinho. Afinal, ele teve uma vida devassa antes de "tomar jeito". Tenho notado que aqueles santos que já foram "tocados pelo mal", ie que passaram por grandes conversões, parecem que nunca deixam esse certo "calejamento" que se traduz num certo pessimismo com a condição humana (cito tb São Paulo, S. Bento, S. Francisco de Assis, Sto Inácio de Loyola) em oposição ao certo otimismo daqueles que foram "bons" em toda sua vida (Sto. Antonio de Pádua, S. Tomás, Sta Teresinha, por exemplo). Levando com a analogia do Inferno no post, talvez o contato com o mal deixe "sequelas psicológicas" mesmo naqueles que o repeliram. O inferno seria a condição "in extremis" da sequela do mal não repelido, ie, não a sequela, mas a "doença espiritual" em estado puro.

Mas o que é imbatível é a capacidade retórica de Agostinho, palavras verdadeiramente banhadas em fogo. Não apenas um teólogo, mas um orador brilhante. Há trechos das autobiográficas Confissões realmente de tirar o fôlego, um coração vibrante com uma lingua de ouro.

Samuel Silva disse...

Ok. Acho que a idéia da condenação
eterna ao inferno uma contradição as palavras de São Paulo, que em Coríntios, se não me engano, diz que o salário pago pelo pecado é a morte.
Além do mais não entendo por que Lázaro ao ser ressucitado por Jesus não diga nada a respeito do que lhe aconteceu durante os três dias em que estava morto. Me parece segundo algumas leituras minhas que a idéia de vida após morte não esta presente no Cristinismo Primitivo, nem muito menos no Judaismo.
Um grande abraço!

Ricardo Leal disse...

Um prazer "conhecê-lo", Ancião - por meio dos comentários e do seu blog. Que bom saber de quem ofereça isto por aqui na web. Ainda que simples leigo, em ambos os sentidos, percebo o seu ponto e concordo. Essas contraposições simplificadoras requerem mais de um grão de sal e eventualmente não resistem à leitura direta dos filósofos.Em 2007, aliás, a "Catholic University of America" publicou um volume inteiro, muito bacana, sobre "Aquinas the Augustinian", com reflexões de diversos autores sobre a matéria - inclusive o dominicano Gilles Emery, que recorda haver o próprio Santo Tomás apresentado sua difícil e esclarecedora doutrina trinitária como desdobramento do De Trinitate agostiniano (disponível em português na Paulus; tem lá seus enguiços mas dá para trabalhar).A despeito de todas as diferenças de abordagem (mais especulativo Santo Tomás, como sempre;mais "espiritual" Santo Agostinho), diz o GE que se mantém, sim, a correspondência postulada. Enfim: para ficar mais ou menos na mesma época e numa praia que me interessa, muitos especialistas contrapõem até o Dante ao Bispo de Hipona. Eu prefiro acompanhar outros que enxergam diferente, mas aí é outra conversa. Arremate para quem tiver interesse na Septuaginta, estiver estudando grego, etc: o link a seguir apresenta o original (que Bento XVI encarece, nas pegadas de tantos Padres da Igreja) ao lado de colunas em inglês ou francês, dependendo dos livros.
http://ba.21.free.fr/septuaginta/esaie/esaie_49.html

O Ancião disse...

Ricardo, obrigado pelas palavras gentis. Também não conhecia esta excelente página do Joel, cheguei pelo link do Dicta. Escrever se torna um grande vício, e esses temas "escatológicos" são verdadeiramente fascinantes. Precisamos aprender a recuperar "os grandes" que moldaram nossa cultura, dentre eles Agostinho e Aquino.

Samuel, se me permite acrescentar a discussão, no judaismo pós-exilico havia o conceito de vida após a morte, e eles começam a ficar muito claros nos últimos livros a serem escritos no Antigo testamento. No segundo livro dos Macabeus, que narra a grande revolta judaica 150 AC (ou seja, menos de duzentos anos antes de Cristo), Judas Macabeu faz sacrifícios pelos que morreram em batalha e o narrador ainda acrescenta que isso era uma confirmação da crença na ressurreição. O livro da Sabedoria (100AC, tecnicamente o último do AT) diz que "a alma do justo é imortal" e que Deus a guardaria consigo. O livro do Sirácida (200 AC) vai na mesma linha, inclusive cotejando a aparição do profeta Samuel morto a Saul como sendo realmente o profeta ("Samuel mesmo depois de morto profetizou") - Um Tirésias hebraico, sem dúvida.

É verdade que Macabeus, Sabedoria e Sirácida são Deuterocanônicos, e, portanto, não são aceitos pelos judeus modernos como inspirados (justamente por serem literatura sagrada pós-exílica, mais precisamente após a época do sacerdote Esdras, que seria o limite da "inspiração" do canon hebraico). Eles foram retirados do cânon judaico em Jamnia (ie, século 1 DC), mas figuravam na Septuagésima. De qualquer forma, é um testemunho da literatura da época sobre a vida após a morte no judaismo pós-exílico. Mas continuam no cânon católico.

Aliás, o surgimento do cânon foi em muito obra de Agostinho, que convocou o Sínodo dos bispos de Cartago para definir o cânon bíblico com as dioceses africanas. Agostinho submeteu o resultado da consulta ao papa em Roma que o aprovou, dai sua emblemática frase "Roma locuta, causa finita". O index biblico de Agostinho foi mais tarde confirmado pelo Concílio de Trento, e é basicamente o cânon que temos nas Biblias católicas modernas (os protestantes adotaram em definitivo o canon hebraico por volta do sec. XVII).

Na época de Cristo, havia os dois grandes partidos "politico-religiosos" dos saduceus e fariseus. Os saduceus não criam na ressurreição, e os fariseus sim. No Evangelho (Mc 12,18-26) , Cristo é desafiado pelos saduceus no seu ensinamento sobre a ressurreição ("A viúva de sete maridos", provavelmente inspirado em Sara, do livro de Tobias, também deuterocanonico). Curioso é que o narrador diz (sic) "Vieram os saduceus, que afirmavam não haver ressurreição" o que é um claro testemunho que "especificamente" os saduceus não acreditavam. A resposta de Jesus é uma confirmação do ensinamento na ressurreição e em sua "transcendência". Como testemunha hebraica, Flávio Josefo comenta com mais detalhes as diferenças religiosas dos dois partidos. Em certo sentido, o Cristianismo foi tributário das crenças que surgiam no próprio seio do judaísmo, especialmente dos fariseus (purgados dos seus elementos ritualísticos exagerados).

Os antigos hebreus acreditavam no Sheol, a Mansão dos Mortos, que era como o Hades grego. Justos e injustos ficam lá nesse "Hades", que, alias, é a tradução que a Septuagésima usa para Sheol. Tecnicamente foi lá que Lázaro e Samuel [o profeta :) ] estavam. E lá que Cristo também desceu entre sua morte e ressurreição, assim diz o credo. E descendo ao Sheol, "triou" justos e injustos respectivamente aos seus destinos finais no Inferno e Paraíso (já que tecnicamente o Purgatório não é um destino final). O lado "dos bons" do Sheol era a chamada "tenda de Abraão" (Provavelmente doutrina de julgamento dos fariseus, cujo testemunho é Lc 16,19-31). Os justos de fato não tinham a plena "visão da face de Deus" da doutrina cristã, mas pelo menos era um lugar agradável.

Meu comentário está muito longo, estou abusando da paciência do Joel, perdoem este prolixo que está longe da técnica Agostinho e da concisão de Aquino...

Joel Pinheiro disse...

Não se preocupe, Ancião, seus comentários estão muito elucidativos.

Samuel, de fato, no Judaísmo já se cria na vida da alma após a morte. Tanto que o Novo Testamento nos apresenta os saduceus como sendo aqueles que negavam a imortalidade da alma.

O Cristianismo primitivo certamente acreditava no Céu; só ver o culto aos santos (mártires principalmente) e, bem, o próprio Credo dos apóstolos ("Creio... na ressurreição da carne, na vida eterna, Amém".)

Anônimo disse...

Responda-me por que O Cristo ressucitou os mortos, já que estes já estavam no céu? Acredito em Deus mas tenho sérias dúvidas quanto a vida após a morte.
Um grande abraço!

O Ancião disse...

De acordo com o que ensina o Cristianismo, eles (ie, a alma deles) não estavam no "céu", estavam no Sheol, a mansão dos mortos, o Hades. O "céu" e o Inferno só foram abertos após a morte de Cristo. Por isso o credo apostólico, como bem lembrou o Joel, diz desde os primeiros séculos: "Foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos..."

Todos os que Cristo ressuscitou estavam no Sheol, assim como o profeta Samuel que apareceu a Saul, assim como o garoto que Elias ressuscitou, assim como o cadáver que ressuscitou por ter tocado nos ossos de Eliseu.

Morte é a separação entre a alma imortal do corpo mortal. De acordo com o Cristianismo, no Juízo Final os corpos ressuscitarão e acompanharão o destino das almas. Por isso se diz que será a "morte da morte" (Apocalipse 20,14)

Ressurreição não implica necessariamente em "morte" ou "dormição" do espírito (ie, a alma). Um homem é corpo e alma.

Rodrigo Garcia disse...

Boa Joel, Essa parte " O inferno, que é um estado da alma e não um lugar geográfico, deve, segundo penso, ser mais ou menos assim (só que com desejos e frustração existencial um pouquinho maiores)" demonstra fielmente que uma felicidade enganosa e vazia é ancorada sobre tudo pelo ego.

Forte abraço.

Antonio Vargas disse...

Legal o post, primeira vez que vivisot o blog via o dicta. Também acho que a auto-punição uma explicaçao bem melhor para o que seja o inferno, a voluntária e responsavel opçao por ser menos, mas há bem duas coisas que talvez se perca de vista quando só isso é enfocado - primeiro a associacao com a morada de demonios e segundo a ideia de que o inferno é um estado onde /todos/ os danados estao. Assim prefiro imaginar essa auto-diminuiçao como umaparticipçao num intelecto diabólico - de tal forma que após a morte os danados tem um lugar onde estao - na mente do diabo - que está se precipitando no abismo, a velocidades infinitas.

Ruben Juliano disse...

Cara, esse texto é fantástico!
Acho que já é a terceira vez que eu leio.

José Carlos disse...

Parece que todos sabem tudo, todavia, na muita sabedoria a enfado. Provavelmente o inferno é um enfado sem fim.

Bells disse...

Achei o sonho genial, e a interpretação mais ainda! Deus gosto de ler, parabéns! (;