domingo, agosto 01, 2010

Nem Tudo é Racismo

Uma coisa que obviamente não é racismo: afirmar que existem diferentes raças humanas. Circulou por aí - não sei se ainda circula; ouvia muito no colégio - que “de acordo com a ciência” não existem diferentes raças no homo sapiens, e que afirmar o contrário já é ser racista. Quem primeiro inventou essa não duvido que fosse bem intencionado, mas errou feio mesmo assim. Pois é óbvio que existem diferenças entre os homens, que são passadas aos descendentes, e que permitem que classifiquemo-los em diferentes sub-grupos. Qualquer classificação em níveis inferiores à espécie, ou seja, entre indivíduos que podem se reproduzir entre si, terá um quê de arbitrária. Mas não é por acaso que pais brancos têm filhos brancos, e pais negros, filhos negros. Falar em raças e, dentro de raças, etnias, é plenamente racional e nada racista.

Outra coisa que não é racista é apontar que, dado existirem diferenças externas entre as raças, podem existir diferenças internas, fisiológicas e neurológicas - há, inclusive, remédios com efeitos diferentes em brancos e negros. E portanto também não é racista supor diferenças de habilidades entre as raças, ou seja, afirmar que uma raça é, em média, mais apta para a matemática, outra é mais criativa, outra é mais inteligente (ou é melhor em um tipo de inteligência), outra melhor em certos esportes etc.

Notar diferenças de comportamento entre populações de diferentes raças não é racismo. Logo, reagir de acordo também não o é. Assim, se 90% dos crimes fossem cometidos por loiros, e estes representassem 2% da população total, faria sentido que um comerciante, se quisesse, proibisse a entrada de loiros em seu estabelecimento. Na mesma nota da discriminação, achar pessoas de uma raça em geral mais bonitas, ou até se dar melhor com gente dessa ou daquela raça ou etnia, também não implica racismo. Os gostos e os jeitos são diferentes; nada de mau aí.

Tudo o que está listado acima pode ser efeito do racismo, mas não necessariamente o é. E o que é racismo? A melhor definição, na minha opinião, é ódio racial. Considerar ou tratar membros de outras raças como seres inferiores, sub-humanos; deixar que a opinião que se tem sobre a raça prevaleça sobre o conhecimento do indivíduo: “Se ele é da raça X, então tem que se comportar da forma Y”, o que efetivamente nega que o indivíduo em questão tenha livre arbítrio.

O fato de negros serem mais pobres que brancos não prova, de si mesmo, a existência de racismo. Um milhão de variáveis além de “os brancos odeiam os negros” podem explicar essa diferença: desigualdade educacional, culturas mais ou menos propícias à geração de riqueza etc. Mas a moda é ver racismo em tudo. Se não encontramos racismo aberto, então ele é mascarado e hipócrita, “e por isso mesmo muito mais perigoso”. Na verdade o mesmo vale para todos os preconceitos: machismo, discriminação religiosa, homofobia etc. É confortável colocar-se na posição de vítima sofredora ou de acusador indignado. Nossa sociedade estimula essas práticas, conferindo-lhes a aura falsa de superioridade moral. Então cada um tenta mostrar que sofre mais que os outros, encaixando-se em alguma definição de vítima para conseguir a sua migalha de condescendência. São vítimas apenas de si mesmos.

2 comentários:

Anônimo disse...

1- Se essa definição de raça que você propõe tem um "quê" de arbitrária, por que então utilizá-la? Divisões taxonômicas são feitas principalmente para organizar o conhecimento sobre determinado grupo de organismos, e os critérios são, em geral, bem definidos. Não faz sentido dividir com base em critérios confusos e/ou obscuros;
2- O problema do seu argumento "estatístico" para as raças é abordado no seu próprio texto, no penúltimo parágrafo, em que você, talvez de forma semi-inconsciente, percebe que ele - o argumento estatístico - se choca com a noção de que os seres humanos pensam e podem escolher como se comportarem.
Ora, se há mulheres que se comportam como homens e homens como mulheres, como há de ser essa tal "raça" um fator preponderante para o comportamento do indivíduo?

3-Faltam estudos no mínimo confiáveis sobre diferenças estatísticas nas diversas aptidões (esporte, música, etc), procure se informar.

4- Por último, uma questão semântica: ser racista é *exatamente* acreditar que os seres humanos se dividem em raças. Nesse sentido, ser racista no entanto nada tem a ver com ódio racial.

Enfim, seres humanos não podem ser divididos em raças por nenhum critério realmente sólido, mas mesmo que pudessem, isso não seria justificativa para a criação de hierarquias entre as raças.

Cordialmente,

Anônimo disse...

dividir é racismo esse anonimo é um boiola burro, vai estudar jumento.