Havia tempo não se via uma eleição tão fácil para o partido da situação. Embora tenha começado a esboçar uma reação, o principal adversário do Governo encontra-se muitos pontos percentuais atrás nas pesquisas de intenção de voto, havendo inclusive forte expectativa de não ocorrer um segundo turno.
Analisando-se friamente a situação do país, vemos que não houve nenhuma melhoria significativa nesses últimos quatro anos. O pouco crescimento econômico obtido foi graças ao ambiente externo favorável, o nível de impostos continua sufocante, a situação da segurança pública continua calamitosa e o ensino e a saúde pública seguem em sua estrondosa deterioração. Além, é claro, dos diversos escândalos, que contavam com a participação direta de diversos membros do governo, que ocorreram no período.
Portanto, dito tudo isso, a pergunta que fica é: por que um governo corrupto e incompetente desses possuiu tamanha vantagem? A resposta é simples e única, compra de votos. A realidade nua e crua é que o atual governo adotou práticas dignas do coronelismo, do voto de cabresto. Uma afronta à Democracia e tudo que ela deveria representar.
Diversos são os exemplos, mas aqui focarei apenas na “menina dos olhos” do Governo Lula, o Bolsa Família. Esse programa, teoricamente, consiste em uma ajuda financeira às famílias de baixa renda que possuem crianças matriculadas na escola. A princípio, pode parecer se tratar de um programa bem intencionado, visando levar educação à parcela mais pobre da população e diminuir a desigualdade de renda, fazendo com que os pais tenham incentivos para matricular e fazer seus filhos freqüentarem a escola. Porém, como mostrarei a seguir, o programa possui falhas graves, tanto em sua parte teórica quanto prática. Essas falhas demonstrarão porque acredito se tratar de uma fraude eleitoral.
Para começar, analisemos o argumento base: “esse programa visa por comida na mesa daqueles que não tem o que comer, impedir que pessoas morram de fome”. Qualquer um que ligue o rádio ou a TV pode ouvir nosso atual Presidente dizendo de boca cheia que seu programa atende onze milhões de famílias, quase cinqüenta milhões de brasileiros. Bom, todos nós sabemos que não vivemos em um país rico. Mas daí a afirmar que 1/4 de nossa população é morta de fome existe um abismo de diferença. Se realmente se tratasse de um programa visando impedir que pessoas morressem de fome, certamente o número de beneficiados deveria ser menor, como mostram as estatísticas.
O segundo argumento mais usado é o seguinte: “a vantagem desse programa é que faz com que as crianças freqüentem a escola, e com isso garante um futuro melhor para elas”. Caso possuíssemos um sistema de ensino decente, esse argumento poderia ser usado.
Porém, ano após ano, o Brasil consegue um honroso lugar na ponta inferior da tabela de classificação em toda espécie de prova visando analisar a qualidade do ensino ao redor do mundo. Também não é raro aparecer em telejornais mães e pais reclamando que seus filhos concluíram os estudos e não sabem nem escrever e somar.
Sendo assim, qualquer um que reflita por um milésimo de segundo pode perceber o óbvio. Mesmo que esse programa faça com que mais crianças freqüentem a escola (o que as evidências apontam ser verdadeiro, mas não na proporção esperada, dado o número de beneficiários), provavelmente isso não trará benefício algum para o país, pois nosso sistema de ensino é falido, e carece de investimentos. Investimento esse que poderia estar sendo feito com os recursos destinados ao programa. Trata-se de uma questão de qualidade, e não quantidade. Seria melhor para o país ter menos crianças nas escolas públicas, mas com a certeza de que as mesmas sairiam no mesmo nível das demais, do que ter um número maior de crianças, tendo a certeza de que a maioria sairá em um nível muito baixo. Aliás, em um país, como o nosso, onde o governo já se encontra em seu limite de arrecadação, o bom uso dos recursos faz-se ainda mais fundamental.
Por fim, no que tange a melhor distribuição de renda, o programa é completamente inoperante. Trata-se de uma redistribuição artificial, que não leva a uma mudança na estrutura distributiva do país. É algo efêmero, que com o fim do programa deixará apenas malefícios. Pois se mantido por muito tempo (algo improvável, diga-se de passagem) gera incentivos para que as famílias de baixa renda tenham mais filhos, além, é claro, do desincentivo gritante ao trabalho que representa.
Existem também, evidências na aplicação do programa, que mostram com eficácia porque trata-se de uma fraude eleitoral, movido apenas pelo desejo de manter-se no poder e sem qualquer indício de benevolência por trás. Aqui, para não ser injusto, incluo também programas como o PROUNI e semelhantes. Qualquer um que entrar no Google e realizar uma busca achará milhões de notícias sobre fraudes no Bolsa Família e similares. Pessoas de renda elevada, pessoas que não tem filhos, e todo tipo de gente que teoricamente não deveria estar sendo beneficiada, recebendo dinheiro do programa. Fato, aliás, que corrobora meu primeiro argumento, sobre a quantidade de pessoas que necessita desse auxílio para sobreviver. Claramente, existe um grande número de pessoas que não necessitaria desse dinheiro o recebendo. E, provavelmente, logo após as eleições, esses programas minguarão.
Ou seja, a pressa para incluir pessoas nos programas era tamanha, que houve pouquíssima preocupação em aplicar os critérios para entrada no programa. O motivo? Muito simples: quanto mais gente recebendo o dinheiro, mais votos para o candidato do governo.