Há no pronunciamento feito no início dessa semana pelo governador eleito do Estado de São Paulo, José Serra, uma frase muito interessante:
A estabilidade de preços (ausência de inflação) faz parte também da campanha petista. O presidente recém reeleito reiterou nos debates, repetidamente, como feito seu a manutenção da estabilidade de preços em seu governo. Argumenta-se neste texto que a estabilidade de preços não pode ser tida como proposta política e que seu uso eleitoral não passa de um embuste, ludibriando os mais ignorantes.
Primeiramente, deve-se esclarecer que a ausência de inflação não é um benefício concedido pelo Estado, como a redistribuição de renda. A causa da inflação, grosso modo, é uma oferta de moeda acima da demanda por moeda, diminuindo seu valor. Uma vez que o responsável pela oferta de moeda é o Estado, é ele o causador da inflação. Estabelecido esse ponto, usar a estabilidade de preços como proposta política é argumentar “vote em mim porque, se eleito, eu não estuprarei sua mulher”, ou seja, estelionato.
Esclarecido o ponto acima, pode-se pensar em como inflação aparece pela primeira vez. Em um contexto monetário arcaico, no qual a moeda é um meio de troca baseado em quantidades de metal; para garantir a qualidade e peso de cada moeda, o Estado passa a as marcar. Assim, surgem as diferentes moedas (o pence, o xelim, etc) cada uma representando uma quantidade de metal. Nesse caso, a inflação surge quando o Estado diminui a quantidade de metal na moeda, sem alterar seu valor nominal. É natural, portanto, que o mercado ajuste os valores por um aumento de preços, de forma que os mesmos bens sejam trocados pelas mesmas quantidades de metal. Nesse caso, fica claro que a inflação não passa de um roubo que o Estado promove, o “imposto inflacionário.” Como se pode usar como ponto de campanha eleitoral uma promessa desse tipo?
Fica claro, portanto, que a estabilidade de preços é da mesma natureza do direito à vida e à propriedade, inclusive se confundindo com o último se a interpretarmos à luz do parágrafo acima. Vender a ausência de inflação como o bolsa-família e como cotas raciais no ensino superior não passa de enganação eleitoral.
Ademais, é forte nesse país a corrente econômica que acredita, contrariando ampla evidência empírica, que a inflação é fenômeno correlacionado ao crescimento econômico e que deve se subordinar a ele.
Por esses motivos, no Brasil, a estabilidade monetária é vendida como proposta política. A inflação está sob controle há mais de uma década e ainda assim é um tema central do debate econômico, em detrimento das causas da estagnação econômica do país, por exemplo. E o é justamente porque não se entende que a estabilidade de preços é um direito tão natural quanto o direito á propriedade.
“Devemos a Fernando Henrique Cardoso a obra monumental que devolveu ao Brasil o valor da moeda. Obra que seu sucessor preservou, à qual felizmente associou-se.”
A estabilidade de preços (ausência de inflação) faz parte também da campanha petista. O presidente recém reeleito reiterou nos debates, repetidamente, como feito seu a manutenção da estabilidade de preços em seu governo. Argumenta-se neste texto que a estabilidade de preços não pode ser tida como proposta política e que seu uso eleitoral não passa de um embuste, ludibriando os mais ignorantes.
Primeiramente, deve-se esclarecer que a ausência de inflação não é um benefício concedido pelo Estado, como a redistribuição de renda. A causa da inflação, grosso modo, é uma oferta de moeda acima da demanda por moeda, diminuindo seu valor. Uma vez que o responsável pela oferta de moeda é o Estado, é ele o causador da inflação. Estabelecido esse ponto, usar a estabilidade de preços como proposta política é argumentar “vote em mim porque, se eleito, eu não estuprarei sua mulher”, ou seja, estelionato.
Esclarecido o ponto acima, pode-se pensar em como inflação aparece pela primeira vez. Em um contexto monetário arcaico, no qual a moeda é um meio de troca baseado em quantidades de metal; para garantir a qualidade e peso de cada moeda, o Estado passa a as marcar. Assim, surgem as diferentes moedas (o pence, o xelim, etc) cada uma representando uma quantidade de metal. Nesse caso, a inflação surge quando o Estado diminui a quantidade de metal na moeda, sem alterar seu valor nominal. É natural, portanto, que o mercado ajuste os valores por um aumento de preços, de forma que os mesmos bens sejam trocados pelas mesmas quantidades de metal. Nesse caso, fica claro que a inflação não passa de um roubo que o Estado promove, o “imposto inflacionário.” Como se pode usar como ponto de campanha eleitoral uma promessa desse tipo?
Fica claro, portanto, que a estabilidade de preços é da mesma natureza do direito à vida e à propriedade, inclusive se confundindo com o último se a interpretarmos à luz do parágrafo acima. Vender a ausência de inflação como o bolsa-família e como cotas raciais no ensino superior não passa de enganação eleitoral.
Ademais, é forte nesse país a corrente econômica que acredita, contrariando ampla evidência empírica, que a inflação é fenômeno correlacionado ao crescimento econômico e que deve se subordinar a ele.
Por esses motivos, no Brasil, a estabilidade monetária é vendida como proposta política. A inflação está sob controle há mais de uma década e ainda assim é um tema central do debate econômico, em detrimento das causas da estagnação econômica do país, por exemplo. E o é justamente porque não se entende que a estabilidade de preços é um direito tão natural quanto o direito á propriedade.
A estabilidade de preços, logo, não deve ser usada como proposta política.
2 comentários:
Concordo plenamente, Luiz. Prometer ausência de inflação é como prometer não roubar; deveriam ser pressupostos para qualquer candidato elegível, mas infelizmente não são.
No fundo, no fundo, se formos olhar friamente a questão, temos que admitir: todo o sistema monetário em vigência no mundo hoje em dia é baseado na fraude da população pelo governo.
Belo texto, Luiz.
O fato desse dircurso "colar" só mostra o despreparo de nosso povo no que se refere ao processo político.
Enquanto o controle da inflação mostra-se peça fundamental na eleição de qualquer candidato, coisas muito mais importantes e que deveriam ser levadas em conta, como esquemas de corrupção, compra de votos, uso de caixa dois e tantas outras, em pouco afetam a decisão do eleitor padrão.
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