sexta-feira, janeiro 12, 2007

As Conseqüências da Irresponsabilidade Fiscal

Muito se argumenta que a intervenção estatal na economia, via o aumento de gastos fiscais, ao acelerar a demanda acaba por acelerar outros componentes desta e, assim, promover uma maior expansão econômica. Sabe-se, contudo, que tais medidas não têm na realidade efeitos de geração de riqueza e, ademais, têm como conseqüência a distorção do sistema de preços e, portanto, um afastamento da economia de sua eficiência. Ocorre, entretanto, que há mais problemas na irresponsabilidade fiscal.

Existem exclusivamente três modos de se financiar gastos fiscais. O primeiro, e mais natural, é por meio dos impostos. Esse método é passível de todas as críticas mencionadas no parágrafo acima. Ainda assim, quando o governo não é capaz de se financiar com as receitas de impostos, ou seja, há déficit fiscal, restam duas outras alternativas, passiveis não apenas das críticas do primeiro parágrafo como de outras mais: a emissão de moeda e a contração de dívida.

Tomando como objeto de análise a emissão de moeda, tem-se que sua principal conseqüência, além das supramencionadas, é uma aceleração inflacionária. Uma forma simples de se entender esse ponto é compreendendo que a quantidade de moeda na economia deve ser tal que posse fazer com que a produção dessa economia circule, ou seja deve equivaler em valor à produção dessa economia. É isso que expressa, grosso modo, a chamada teoria quantitativa da moeda. Se há moeda em excesso, como a quantidade de moeda deve valer aquilo que está em circulação na economia, ocorre um ajuste via aumento de preços, inflação.

Nesse momento, pode-se argumentar, logo, que a contração de dívida pode ser um meio de financiamento do déficit fiscal. Ocorre, contudo, que os governos, como todos os outros agentes econômicos, não podem consistentemente se contrair dívidas. Haverá um momento em que os credores recusar-se-ão de ceder crédito e então a emissão de moeda será usada. Decorre, portanto, que um aumento na dívida pública aumenta o risco de emissões monetárias no futuro. Uma vez que os agentes consideram expectativas futuras em suas decisões no presente, um aumento da dívida pode gerar inflação no presente.

Fica claro, portanto, que a irresponsabilidade fiscal é um mal a ser combatido.

6 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o tema, Luiz. Excluindo-se o primeiro parágrafo, o texto tá muito claro para leigos na matéria econômica. Quando os textos são acessíveis assim, aprendo muitas coisas válidas com vocês, aqui no blog.

Parabens a todos e que venham muitas boas exposições e discussões em 2007!
abs
Gabi

Anônimo disse...

Bom, eu não tenho condições de expor opiniãos sobre algo que desconheço. Mas gosto de ler textos que tratem de economia sem aquele economês que não entendo bulufas!
Parabénsa vcs e quero assim como no post anterior, desejar feliz 2007 a todos vcs!
Não concordo com tudo que vcs dizem, mas a relação é de mão dupla. Tbm me permite aprender e a encarar algumas coisas por um outro viés.
Um beijo!
ps. respondí outros dois tópicos abaixo...

Luiz Felipe Amaral disse...

Muito obrigado a vocês duas.

Maria Gabriela, você por acaso achou o primeiro parágrafo um pouco confuso? Algum termo não ficou claro? Os links foram esclarecedores? Por favor, me diga quais foram os problemas para que eu possa melhorar nos próximos textos. E se houver dúvidas sobre qualquer coisa escrita, não hesite em perguntar.

Anônimo disse...

Luiz, basicamente não consegui compreender direito a afirmação com a qual você inicia o seu texto. Não entendi o que seriam os componentes da demanda que seriam acelerados pela aceleraçao da própria demanda. Aliás, por "aceleraçao da demanda" posso entender "aumento da demanda"? E expansão econômica é a mesma coisa que crescimento economico?
De todo jeito, como disse, o texto ficou muito claro apesar dessa introdução em economês.
:)

Luiz Felipe Amaral disse...

No primeiro parágrafo eu procurei contextualizar o texto, mostrar que as objeções à intervenção estatal via aumento de gastos públicos não se limitam aos dois artigos linkados, ou seja, não se limitam apenas à crítica ao "multiplicador keynesiano".

Para entender o multiplicador precisamos entender a demanda agregada. Ela é tudo o que a economia demanda em um período de tempo (o ano). Suas componentes são: consumo, investimento, gastos fiscais ("consumo do governo") e o saldo comercial. A idéia do multiplicador afirma que aumentando os gastos fiscais, acaba-se por aumentar as outras componentes e a demanda cresce mais que apenas o crescimento dos gastos do governo. Como no curto-prazo, a demanda agregada é determinante do crescimento (= expansão do PIB), o multiplicador faz a economia crescer.

Anônimo disse...

Luiz,
Antes, de tudo, parabens pelo texto!
É interessante tambem pensar no dinheiro estrangeiro que esta sendo colocado no país e o governo ao invés de utiliza-lo para projetos de crescimento de médio e longo prazo, utiliza para pagar divida.
Abraço a todos.