sexta-feira, setembro 04, 2009

Mercado e governo: posturas opostas

Querido consumidor,

Nós, da Coca-Cola Company, estamos muito felizes que você goste de nossos produtos. Queremos sempre prover-lhe com refrigerantes da melhor qualidade. Contudo, como você deve saber, a quantidade de Coca-Cola não é infinita. Quando você compra suas três latas diárias, isso significa que outras pessoas ficam com menos Coca-Cola para elas, ou até sem nenhuma. Assim, vimos por meio desta pedir que você reduza seu consumo de nosso refrigerante para que não falte Coca-Cola a ninguém. Estamos considerando cobrar mais caro de pessoas que, como você, consomem demais.

Att,
John Pemberton


Nenhum de nós jamais recebeu uma carta dessas. Mas pode apostar que receberíamos se a Coca-Cola fosse estatizada. É assim com todos os bens e serviços cuja produção e distribuição o governo se apoderou (ou, o que é quase equivalente, deu direito de monopólio a uma empresa que é privada só no nome).

Transporte público, ruas, água, energia, saúde, educação, tudo isso falta e costuma ser mal-feito e ineficiente. Não pensem que o governo provê esses serviços porque são essenciais, e coisas essenciais não podem ser deixadas nas mãos do mercado. Ora, e comida não é essencial? Comida é produzida e distribuída privadamente. Já imaginaram como seriam as filas, e como seria a fome, se o Brasil estatizasse a alimentação?

A empresa privada visa a satisfazer seu consumidor, e alegra-se de que ele consuma seus bens; afinal, é esse consumo que garante sua renda, e que estimula a produção subseqüente de mais unidades. Quem consome em maior quantidade freqüentemente ganha descontos e prêmios. Já a “empresa” estatal está em guerra contra seus consumidores; quem consome mais é culpado e punido. Enquanto empresas oferecem “leve 2 pague 1”, as estatais promovem o racionamento.

Não estou dizendo que consumir mais seja sempre bom, longe disso. Mas consumir, ou seja, atender a desejos e necessidades humanos, é, em si, algo bom; aliás, as estatais existem com a finalidade expressa de permitir o consumo de seus bens e serviços; elas falham é em cumprir essa finalidade. E o motivo é bem conhecido: elas não precisam lucrar, porque sua renda vem dos impostos, e não precisam melhorar seus serviços, porque são monopolistas (e não porque conquistaram o mercado oferecendo o melhor serviço, mas porque o governo, além de financiá-las, limita a competição).

Se água, energia, transporte, saúde e educação são essenciais, então esse é mais um motivo para que elas não sejam deixadas nas mãos do governo.

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