sábado, fevereiro 03, 2007

Fatos sobre o crescimento econômico

O fim da hiperinflação mudou o debate econômico no Brasil. Percebeu-se que não basta a estabilidade de preços para uma melhora no desempenho econômico nacional. O anúncio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é evidência de que restam ainda muitos problemas e entraves ao crescimento econômico no Brasil. É salutar, pois, entender alguns dos “fatos” do crescimento econômico.

Um primeiro passo é entender como medir o crescimento econômico e o que tais medidas significam. É importante, logo de início, entender que o que se busca não é simplesmente medir o desempenho das economias, mas sim medir o progresso material das sociedades. De forma mais simples, deve-se entender que o fato relevante não é o desempenho econômico strictu sensu, mas sim quão menos subordinada à escassez de recursos é uma sociedade, seja pela abundância destes ou pelo seu uso mais eficiente. Para tanto, mede-se o crescimento econômico, resultado dos dois últimos fatores, pelo crescimento do PIB per capita, ou seja, o quanto em média cada cidadão da economia produziu a mais em relação a um período anterior e, logo, tem para “gastar”.

Um segundo passo diz respeito ao crescimento econômico do ponto de vista histórico. Pode-se imaginar, por exemplo, que o crescimento econômico é um fator constante na história da humanidade, tendo as sociedades sempre progredido do ponto de vista material. Ocorre, entretanto, que o progresso material a altas taxas é fenômeno recente. Estima-se, por exemplo, que o crescimento médio anual do PIB per capita mundial entre 1750 e 1850 tenha sido de apenas 0,17% ao ano e entre 1500 e 1750, 0,08% ao ano. Em comparação, a segunda metade do século XX presenciou taxas de 2,2% ao ano.

Finalmente, dois outros aspectos do crescimento econômico devem ser destacados. O primeiro deles, é o processo de investimento, o que aparenta o mais importante motor do fenômeno em questão. O mecanismo do investimento é muito peculiar e necessita atenção: o investimento é processo em que se sacrifica consumo no presente pela perspectiva de consumo maior no futuro. É, portanto, uma troca intertemporal. A lição básica, contudo, é que não se pode almejar um futuro materialmente mais confortável sem antes haver algum tipo de sacrifício (“não há almoço de graça”). O segundo deles diz respeito à relação entre o crescimento e a abertura comercial: o crescimento no produto e o crescimento no volume do comércio internacional são duas variáveis proximamente relacionadas.

Há muitos outros temas e questões no debate sobre o crescimento. Esses constituem apenas o “básico do básico”.

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