Estamos na Quaresma, que é tempo de jejum, esmola e oração. É um tempo de fazer sacrifícios, isto é, se abster de algum prazer lícito, de alguma coisa boa, por amor a Deus. Acho que esse é um dos pontos mais difíceis de se aceitar da doutrina católica. Sacrifício?? Qual é a finalidade disso?
Fazemos sacrifícios em outras áreas da vida. Valores importantes são difíceis de se alcançar, e requerem que deixemos de lado (sacrifiquemos) valores menores. Uma mulher enfrenta, para emagrecer, jejuns muito piores do que os da quarta-feira de cinzas e da sexta-feira santa. Contudo, há uma diferença importante aí: o sacrifício da mulher que quer emagrecer é conseqüência de como a realidade se estrutura. Deixar de comer um doce gostoso é, pela própria natureza do funcionamento do metabolismo humano, o meio pelo qual ela deixará de acumular gordura. Há uma relação causal objetiva em jogo. Já um sacrifício para Deus visa atingir que fim? Parece ser algo arbitrário, e por isso diferente dos sacrifícios da vida comum, que são o meio necessário para o fim desejado. Por que Deus pede sacrifícios e não prazeres?
Há boas razões para que seja assim. A primeira delas é totalmente humana. Um soldado, por exemplo, toma banho frio e dorme em cama dura. Em si mesmo, isso em nada contribui para a força ou habilidade do soldado. Seu objetivo é a disciplina do caráter. O soldado abre mão, agora, de pequenas coisas das quais poderia usufruir, para fortalecer o controle sobre suas próprias ações de modo que, na hora em que surgir uma tentação à qual ele não possa ceder (fugir da batalha, por exemplo), ele siga firme em seu dever. O mesmo vale para os pequenos sacrifícios da Quaresma: abstendo-se do lícito, fortalece-se a vontade para se abster do ilícito.
Já outro motivo é mais diretamente ligado a Deus. Todas as coisas criadas são boas; refletem, em alguma medida e cada uma de um jeito, a bondade infinita de Deus. É bom, portanto, que o homem goste delas. Contudo, o amor por uma coisa criada nunca deve superar o amor pelo Criador, que é a fonte de todo o bem. Esse é o risco que o homem sempre corre: amar mais o bem menor do que o bem maior; pecado é isso, e nossa natureza tem uma certa tendência a pecar. Conforme vivemos a vida, aproveitando os diversos bens do universo, invariavelmente supervalorizamos alguns deles e tiramos o valor de outros. Em especial, nos prendemos demais às criaturas e esquecemos do Criador. O sacrifício de alguns bens e prazeres nos faz lembrar que, por melhores que sejam os bens criados, são todos relativos e incompletos, se comparados ao Bem Incriado.
Por fim, o sacrifício da Quaresma nos lembra e nos leva a imitar a vida e a paixão de Cristo, que esteve disposto a passar por todo o tipo de privação por amor aos homens. Dada nossa condição caída, com tendência ao pecado, viver bem implica passar por sofrimentos, “carregar nossa cruz”. Ao fazer isso, participamos da obra redentora de Cristo. Ao mesmo tempo, o exemplo de sua ressurreição nos dá a garantia de que esse sofrimento é compensado, com uma vida mais verdadeiramente feliz agora e uma eternidade junto de Deus, que aprendemos a amar cada vez melhor.
Fazemos sacrifícios em outras áreas da vida. Valores importantes são difíceis de se alcançar, e requerem que deixemos de lado (sacrifiquemos) valores menores. Uma mulher enfrenta, para emagrecer, jejuns muito piores do que os da quarta-feira de cinzas e da sexta-feira santa. Contudo, há uma diferença importante aí: o sacrifício da mulher que quer emagrecer é conseqüência de como a realidade se estrutura. Deixar de comer um doce gostoso é, pela própria natureza do funcionamento do metabolismo humano, o meio pelo qual ela deixará de acumular gordura. Há uma relação causal objetiva em jogo. Já um sacrifício para Deus visa atingir que fim? Parece ser algo arbitrário, e por isso diferente dos sacrifícios da vida comum, que são o meio necessário para o fim desejado. Por que Deus pede sacrifícios e não prazeres?
Há boas razões para que seja assim. A primeira delas é totalmente humana. Um soldado, por exemplo, toma banho frio e dorme em cama dura. Em si mesmo, isso em nada contribui para a força ou habilidade do soldado. Seu objetivo é a disciplina do caráter. O soldado abre mão, agora, de pequenas coisas das quais poderia usufruir, para fortalecer o controle sobre suas próprias ações de modo que, na hora em que surgir uma tentação à qual ele não possa ceder (fugir da batalha, por exemplo), ele siga firme em seu dever. O mesmo vale para os pequenos sacrifícios da Quaresma: abstendo-se do lícito, fortalece-se a vontade para se abster do ilícito.
Já outro motivo é mais diretamente ligado a Deus. Todas as coisas criadas são boas; refletem, em alguma medida e cada uma de um jeito, a bondade infinita de Deus. É bom, portanto, que o homem goste delas. Contudo, o amor por uma coisa criada nunca deve superar o amor pelo Criador, que é a fonte de todo o bem. Esse é o risco que o homem sempre corre: amar mais o bem menor do que o bem maior; pecado é isso, e nossa natureza tem uma certa tendência a pecar. Conforme vivemos a vida, aproveitando os diversos bens do universo, invariavelmente supervalorizamos alguns deles e tiramos o valor de outros. Em especial, nos prendemos demais às criaturas e esquecemos do Criador. O sacrifício de alguns bens e prazeres nos faz lembrar que, por melhores que sejam os bens criados, são todos relativos e incompletos, se comparados ao Bem Incriado.
Por fim, o sacrifício da Quaresma nos lembra e nos leva a imitar a vida e a paixão de Cristo, que esteve disposto a passar por todo o tipo de privação por amor aos homens. Dada nossa condição caída, com tendência ao pecado, viver bem implica passar por sofrimentos, “carregar nossa cruz”. Ao fazer isso, participamos da obra redentora de Cristo. Ao mesmo tempo, o exemplo de sua ressurreição nos dá a garantia de que esse sofrimento é compensado, com uma vida mais verdadeiramente feliz agora e uma eternidade junto de Deus, que aprendemos a amar cada vez melhor.
Um comentário:
10 anos depois, 10 quaresmas depois! Rezarei por você, caro Joel!
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