A celeuma acerca de um bispo que nega o Holocausto tem ganho espaço na mídia. A história, para quem não tem acompanhado, é simples: ele é um de quatro bispos tradicionalistas (da Fraternidade de S. Pio X) que foram excomungados porque foram sagrados bispos sem a permissão do Papa. Bento XVI, que tem aproximado os tradicionalistas de Roma, levantou as excomunhões, para que essa aproximação possa continuar. Ou seja, nada relativo a anti-semitismo.
Acontece que um desses quatro bispos, o inglês Dom Richard Williamson, havia dado uma entrevista para uma TV sueca um tempo antes, na qual negava que o Holocausto tivesse ocorrido. Aproveitando que o levantamento das excomunhões estava para acontecer, grupos que se opõem ao Papa fizeram ela vir à tona. O Papa e toda a Igreja têm pressionado Dom Williamson para que ele se retrate, e a Argentina, país onde ele mora e dá aulas, já anunciou que ele será expulso do país em alguns dias.
Em primeiro lugar, deixo claro que não tenho dúvidas de que o Holocausto ocorreu. Além disso, sei também que, em geral, quem o nega é movido por profundo anti-semitismo. Não tenho nenhum tipo de simpatia por esse pensamento. Mas há que se perguntar: será que silenciar opiniões falsas à força é o jeito correto de combatê-las? Por que tanta celeuma e reações públicas de indignação? Até a presidente da Alemanha já deu seu showzinho.
Se alguém nega o igualmente real extermínio em massa pela URSS, ou a matança de milhares de padres e religiosos pela facção “liberal” da Guerra Civil Espanhola, ninguém se levanta para protestar ou para calar sua boca à força. Acho bom que essas pessoas possam dizer o que pensam, ainda que sua motivação seja má; não é pela força que se mudam as crenças de alguém, mesmo que a força sirva à verdade.
Lamento que Dom Williamson negue o genocídio nazista, seja por anti-semitismo ou por uma crença ingênua em historiadores pouco confiáveis. Ele mesmo, contudo, tem dado exemplo de conduta: diz que vai ler livros contrários às suas crenças e se informar melhor para ver se errou ou não. As vozes de condenação querem uma mudança automática de opinião pela força da ameaça, o que é ridículo. Uma opinião falsa deva ser combatida por argumentos e provas. Pode ainda ser ignorada, se o seu ridículo for tal que levá-la a sério seja dar-lhe um respeito imerecido. Mas ninguém deve ser coagido a se retratar. Nem Dom Williamson, e nem um socialista que negue as atrocidades monstruosas de Lênin ou Che Guevara.
Qualquer afirmação hoje em dia é motivo de acusação. Pessoas cada vez mais sensíveis e indignáveis procuram motivos para se sentirem insultadas e requererem algum tipo de punição ou compensação de quem feriu seus delicados sentimentos. Tudo é causa de processo, ou seja, do uso da força, e não da razão. Mesmo quando o perseguido tem uma opinião detestável, quem perde com isso somos todos nós.
Acontece que um desses quatro bispos, o inglês Dom Richard Williamson, havia dado uma entrevista para uma TV sueca um tempo antes, na qual negava que o Holocausto tivesse ocorrido. Aproveitando que o levantamento das excomunhões estava para acontecer, grupos que se opõem ao Papa fizeram ela vir à tona. O Papa e toda a Igreja têm pressionado Dom Williamson para que ele se retrate, e a Argentina, país onde ele mora e dá aulas, já anunciou que ele será expulso do país em alguns dias.
Em primeiro lugar, deixo claro que não tenho dúvidas de que o Holocausto ocorreu. Além disso, sei também que, em geral, quem o nega é movido por profundo anti-semitismo. Não tenho nenhum tipo de simpatia por esse pensamento. Mas há que se perguntar: será que silenciar opiniões falsas à força é o jeito correto de combatê-las? Por que tanta celeuma e reações públicas de indignação? Até a presidente da Alemanha já deu seu showzinho.
Se alguém nega o igualmente real extermínio em massa pela URSS, ou a matança de milhares de padres e religiosos pela facção “liberal” da Guerra Civil Espanhola, ninguém se levanta para protestar ou para calar sua boca à força. Acho bom que essas pessoas possam dizer o que pensam, ainda que sua motivação seja má; não é pela força que se mudam as crenças de alguém, mesmo que a força sirva à verdade.
Lamento que Dom Williamson negue o genocídio nazista, seja por anti-semitismo ou por uma crença ingênua em historiadores pouco confiáveis. Ele mesmo, contudo, tem dado exemplo de conduta: diz que vai ler livros contrários às suas crenças e se informar melhor para ver se errou ou não. As vozes de condenação querem uma mudança automática de opinião pela força da ameaça, o que é ridículo. Uma opinião falsa deva ser combatida por argumentos e provas. Pode ainda ser ignorada, se o seu ridículo for tal que levá-la a sério seja dar-lhe um respeito imerecido. Mas ninguém deve ser coagido a se retratar. Nem Dom Williamson, e nem um socialista que negue as atrocidades monstruosas de Lênin ou Che Guevara.
Qualquer afirmação hoje em dia é motivo de acusação. Pessoas cada vez mais sensíveis e indignáveis procuram motivos para se sentirem insultadas e requererem algum tipo de punição ou compensação de quem feriu seus delicados sentimentos. Tudo é causa de processo, ou seja, do uso da força, e não da razão. Mesmo quando o perseguido tem uma opinião detestável, quem perde com isso somos todos nós.
3 comentários:
Pois é, Joel...Toda essa confusão em torno de Willianson e a FSSPX é carregada de incompreensões. A atitude do papa foi tentar colocar mais uma pedra em cima da hermenêutica descontínua do Vaticano II. Escrevi algo sobre isso aqui (http://perfasetpernefas.blogspot.com/search?q=a+nova+manobra+de+bento+XVI). Parabéns pelo blog e o trabalho!
Rodrigo
Você apresentou essa questão de um ponto de vista que eu não tinha reparado. De fato, ameaças e intimidações não tem lugar na apreciação racional de um argumento. É considerada uma estratégia falaciosa que atende pelo nome de ad baculum. Contudo, sinto cheiro de cinismo na resposta do tal bispo, pois a sua humildade científica deveria ser causa e não conseqüência de suas declarações.
Valeu pelo comentário, Rodrigo. Vou acessar seu blog também!
Fabian, pois é, hoje em dia querem que a verdade seja imposta à força, como se isso fosse possível.
Esse é o ponto que muitos não entendem: é impossível convencer alguém pela força.
É possível forçar alguém a dizer algo; mas não a crer nesse algo.
As vozes do politicamente correto querem que o Bispo se retrate imediatamente, como se fosse possível mudar de crença como se muda de roupa. É possível, quem sabe, forçá-lo a mentir, mas não forçá-lo a se convencer.
Essa política, portanto, gera apenas desonestidade intelectual e cria um estado de medo no qual o pensamento é desincentivado.
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