segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Violência Boa, Violência Má

Seria ótimo viver num mundo sem violência; sem guerra e sem crime. No qual, portanto, não haveria exércitos e nem polícia. E nem muro, cão de guarda ou cerca elétrica. Muitos de nós, inclusive, estariam dispostos a abrir mão desses e outros meios de defesa se soubessem que todo mundo se desarmaria.

Entretanto, o fato é que, por melhores que sejam as intenções pacifistas, a violência sempre existirá neste mundo. Se os EUA e a Europa desmantelarem suas armas nucleares, num esforço mundial pela paz, isso apenas cooperará para o fortalecimento de outras nações, e de outros grupos políticos, que não se importam nem um pouco com a paz, e que receberão a supremacia nuclear de bandeja.

Todo liberal duvida, por princípio, da violência. A agressão, a coerção, é o oposto da liberdade. Mas o liberal não é um ingênuo, que crê na chegada de uma utopia sem armas, na qual todas as desavenças sejam resolvidas pela força do argumento racional e do amor fraterno. Haverá sempre aqueles que usarão da violência, os quais devem ser repelidos violentamente. É raro que o homem comum se defenda diretamente, pois não está envolvido na luta contra o crime; esse trabalho é da polícia. Esteja a defesa nas mãos da polícia ou de cada cidadão, é um trabalho que tem que ser feito. No mesmo instante em que as forças que promovem a ordem e a paz social abdicarem do uso da violência, a bandidagem tomará o poder e instaurará um regime de terror tal que fará os pacifistas desejarem com nostalgia o bom e velho Estado de direito.

A defesa da liberdade, ou seja, da ausência de violência nas relações sociais, passa necessariamente pela disposição em utilizar a violência contra os inimigos da ordem livre. Não há nada de errado em se defender; pelo contrário, é meritório. Um exército que invada um país para conquistar suas riquezas faz um mal muito grande. Mas o exército que se defende da invasão, cujos homens dão a vida para garantir a liberdade de seu povo, é um exemplo a ser imitado. Não fosse por pessoas assim, a causa da liberdade estaria morta e enterrada no mundo inteiro. Só com a força impede-se a vigência da lei do mais forte.

O desejo de um mundo melhor deve sempre incluir o conhecimento do mundo como ele é. Sonhos de uma sociedade de anjos são úteis apenas para os desígnios demoníacos de pessoas, infelizmente, muito reais. Assim, é muito apropriada e certa a frase do Mises: "Quem quiser permanecer livre deve combater até a morte aqueles que pretendem privá-lo de sua liberdade".

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Joel, que bom ter uma folga e adiantar leituras, como as de seus textos.
Adorei-os!
Tenho a comentar duas coisas: criticar um liberal por em algum momento ele ter destacado a violência como algo legítimo é, de fato, achar que se vive no país das maravilhas.
Entendi perfeitamente o post sobre ações sociais. Já participei de vários cursos sobre preservação ambiental promovidos por ONGs ligadas a empresas, uma coisa horrorosa. Um gasto desnecessário: blá,blá, blá. Enquanto isso a empresa desperdiçava litros d'agua com uma das pias quebradas de seu banheiro.
Carla Teixeira

Joel Pinheiro disse...

Oi Carla!

Que bom ter você nos comentários!

Hah, esse detalhe da pia quebrada ilustra bem a seriedade de todas essas ONGs e ações sociais!

Fabian disse...

Não,não dá para concordar com esse argumento. Te indico o Kant para resolver a aparente antinomia entre liberdade e segurança. O filósofo alemão, pai do iluminismo, defende que os direitos individuais e o direito dos povos deve ser protegido pelo direito, e não pela força. Concordar com seu argumento - uma variação do argumento de Trasímaco, da justiça como interesse do mais forte - seria aceitar um argumento ad baculum como legítimo.

Joel Pinheiro disse...

Como se "protege" o direito dos indivíduos e dos povos contra aqueles que não querem respeitá-los? Pela força. É inescapável.

Nunca disse que a justiça é o interesse do mais forte. Disse que a justiça deve ser o mais forte, deve contar com a força para se fazer vales. Caso contrário, não haverá justiça.