Seria ótimo viver num mundo sem violência; sem guerra e sem crime. No qual, portanto, não haveria exércitos e nem polícia. E nem muro, cão de guarda ou cerca elétrica. Muitos de nós, inclusive, estariam dispostos a abrir mão desses e outros meios de defesa se soubessem que todo mundo se desarmaria.
Entretanto, o fato é que, por melhores que sejam as intenções pacifistas, a violência sempre existirá neste mundo. Se os EUA e a Europa desmantelarem suas armas nucleares, num esforço mundial pela paz, isso apenas cooperará para o fortalecimento de outras nações, e de outros grupos políticos, que não se importam nem um pouco com a paz, e que receberão a supremacia nuclear de bandeja.
Todo liberal duvida, por princípio, da violência. A agressão, a coerção, é o oposto da liberdade. Mas o liberal não é um ingênuo, que crê na chegada de uma utopia sem armas, na qual todas as desavenças sejam resolvidas pela força do argumento racional e do amor fraterno. Haverá sempre aqueles que usarão da violência, os quais devem ser repelidos violentamente. É raro que o homem comum se defenda diretamente, pois não está envolvido na luta contra o crime; esse trabalho é da polícia. Esteja a defesa nas mãos da polícia ou de cada cidadão, é um trabalho que tem que ser feito. No mesmo instante em que as forças que promovem a ordem e a paz social abdicarem do uso da violência, a bandidagem tomará o poder e instaurará um regime de terror tal que fará os pacifistas desejarem com nostalgia o bom e velho Estado de direito.
A defesa da liberdade, ou seja, da ausência de violência nas relações sociais, passa necessariamente pela disposição em utilizar a violência contra os inimigos da ordem livre. Não há nada de errado em se defender; pelo contrário, é meritório. Um exército que invada um país para conquistar suas riquezas faz um mal muito grande. Mas o exército que se defende da invasão, cujos homens dão a vida para garantir a liberdade de seu povo, é um exemplo a ser imitado. Não fosse por pessoas assim, a causa da liberdade estaria morta e enterrada no mundo inteiro. Só com a força impede-se a vigência da lei do mais forte.
O desejo de um mundo melhor deve sempre incluir o conhecimento do mundo como ele é. Sonhos de uma sociedade de anjos são úteis apenas para os desígnios demoníacos de pessoas, infelizmente, muito reais. Assim, é muito apropriada e certa a frase do Mises: "Quem quiser permanecer livre deve combater até a morte aqueles que pretendem privá-lo de sua liberdade".
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
Violência Boa, Violência Má
Postado por Joel Pinheiro às 7:19 PM
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Oi, Joel, que bom ter uma folga e adiantar leituras, como as de seus textos.
Adorei-os!
Tenho a comentar duas coisas: criticar um liberal por em algum momento ele ter destacado a violência como algo legítimo é, de fato, achar que se vive no país das maravilhas.
Entendi perfeitamente o post sobre ações sociais. Já participei de vários cursos sobre preservação ambiental promovidos por ONGs ligadas a empresas, uma coisa horrorosa. Um gasto desnecessário: blá,blá, blá. Enquanto isso a empresa desperdiçava litros d'agua com uma das pias quebradas de seu banheiro.
Carla Teixeira
Oi Carla!
Que bom ter você nos comentários!
Hah, esse detalhe da pia quebrada ilustra bem a seriedade de todas essas ONGs e ações sociais!
Não,não dá para concordar com esse argumento. Te indico o Kant para resolver a aparente antinomia entre liberdade e segurança. O filósofo alemão, pai do iluminismo, defende que os direitos individuais e o direito dos povos deve ser protegido pelo direito, e não pela força. Concordar com seu argumento - uma variação do argumento de Trasímaco, da justiça como interesse do mais forte - seria aceitar um argumento ad baculum como legítimo.
Como se "protege" o direito dos indivíduos e dos povos contra aqueles que não querem respeitá-los? Pela força. É inescapável.
Nunca disse que a justiça é o interesse do mais forte. Disse que a justiça deve ser o mais forte, deve contar com a força para se fazer vales. Caso contrário, não haverá justiça.
Postar um comentário