Não sei se a Terra está esquentando. Suspeito que sim. Não faço a menor idéia se esse aquecimento é fruto da ação humana. Suspeito que não. Não vou falar do que nada sei; posso apenas dizer que, quem procurar, achará material convincente contrário ao senso comum. Falarei de algo que vejo claramente e que me preocupa: o uso que vem sendo feito da teoria do aquecimento global, ou seja, o que ela tem servido para justificar.
O primeiro, e mais óbvio, fim a que as teses de aquecimento global têm se prestado é justificar mais intervenção estatal na vida social. Usar um carro, voar de avião, construir um prédio; se os alarmistas conseguirem impor suas soluções, precisaremos de permissões para tudo isso e muito mais. Precisaremos fazer cálculos de carbono, comprar e vender créditos de emissão, pagar pesados impostos ambientais e se adequar a novas regulamentações. Não é ir longe imaginar comitês ecológicos com poder de veto sobre qualquer empreendimento.
Numa sociedade como a nossa, tudo passa pelas mãos do governo. Transações voluntárias benéficas a ambas as partes precisam de permissão estatal; paga-se impostos para servir aos outros (e quanto melhor o serviço, mais se paga!). Em nosso contexto, mais intervenção estatal beira o intolerável. É claro que muitas pessoas, inclusive eu, não terão sua sobrevivência ameaçada por essa relativa piora no padrão de vida. Para muitas outras, no entanto, que mal têm condições básicas de existência, um pequeno encarecimento no custo de vida terá conseqüências drásticas.
É notório que os cientistas envolvidos na pesquisa e no alarde em torno do aquecimento global recebem verbas públicas. Ambos, governo e cientistas patrocinados, têm muito a ganhar ao propagar essa tese e defender soluções estatais. Uma coisa é fato: independentemente do mérito das teorias, as medidas estatais, de si mesmas, empobrecerão a população. Resta saber se elas terão o efeito de evitar a catástrofe ambiental que se prediz para breve.
A segunda finalidade a que se presta o alarde em torno do efeito estufa é, a meu ver, mais sombria. É distinta da primeira, mas ambas não existem separadamente, e sim em mútuo auxílio.
Os defensores de medidas estatais, em geral, têm em vista proteger a vida humana dos efeitos não-intencionais e nocivos de suas ações. Por vezes, no entanto, vê-se por trás desse discurso uma outra ideologia, segundo a qual não é tanto a proteção da vida humana que interessa, mas sim a preservação ambiental como um fim em si mesma. O homem, segundo essa tese, é um fator de desequilíbrio ecológico; perturba a ordem natural do planeta. Privilegiar o homem em detrimento de outros seres (ou do ecossistema como um todo) seria moralmente errado; a atitude correta seria limitar e tolher a existência humana, consumidora ávida dos recursos naturais. Ela deve ser tolerada, e não incentivada.
E assim entramos em terreno perigosíssimo. As teses ambientalistas transformam-se em justificativa para práticas que violam o respeito mais básico à dignidade humana. Os doentes, os idosos, os mais fracos, esses só consomem; sustentá-los enquanto a humanidade drena o planeta seria uma atitude egoísta. Também o seria querer trazer novas pessoas ao mundo; já pararam para pensar nos impactos ambientais de gerar mais um filho? Será que a nova criança justifica os custos para a natureza e para as gerações futuras? E em todo caso, valeria a pena viver em um mundo poluído e desmatado? É um passo muito pequeno até a defesa explícita da eutanásia, do aborto e do controle populacional.
Será possível acreditar que alguém que vê com maus olhos a reprodução humana se preocupe com as “gerações futuras”? Não é porque agora justificamos certas práticas com base na ecologia e na “qualidade de vida” (mas apenas daqueles que tiverem permissão de viver!) que elas se tornam menos monstruosas do que quando eram justificadas pelos conceitos espúrios de pureza racial e aprimoramento genético.
O primeiro, e mais óbvio, fim a que as teses de aquecimento global têm se prestado é justificar mais intervenção estatal na vida social. Usar um carro, voar de avião, construir um prédio; se os alarmistas conseguirem impor suas soluções, precisaremos de permissões para tudo isso e muito mais. Precisaremos fazer cálculos de carbono, comprar e vender créditos de emissão, pagar pesados impostos ambientais e se adequar a novas regulamentações. Não é ir longe imaginar comitês ecológicos com poder de veto sobre qualquer empreendimento.
Numa sociedade como a nossa, tudo passa pelas mãos do governo. Transações voluntárias benéficas a ambas as partes precisam de permissão estatal; paga-se impostos para servir aos outros (e quanto melhor o serviço, mais se paga!). Em nosso contexto, mais intervenção estatal beira o intolerável. É claro que muitas pessoas, inclusive eu, não terão sua sobrevivência ameaçada por essa relativa piora no padrão de vida. Para muitas outras, no entanto, que mal têm condições básicas de existência, um pequeno encarecimento no custo de vida terá conseqüências drásticas.
É notório que os cientistas envolvidos na pesquisa e no alarde em torno do aquecimento global recebem verbas públicas. Ambos, governo e cientistas patrocinados, têm muito a ganhar ao propagar essa tese e defender soluções estatais. Uma coisa é fato: independentemente do mérito das teorias, as medidas estatais, de si mesmas, empobrecerão a população. Resta saber se elas terão o efeito de evitar a catástrofe ambiental que se prediz para breve.
A segunda finalidade a que se presta o alarde em torno do efeito estufa é, a meu ver, mais sombria. É distinta da primeira, mas ambas não existem separadamente, e sim em mútuo auxílio.
Os defensores de medidas estatais, em geral, têm em vista proteger a vida humana dos efeitos não-intencionais e nocivos de suas ações. Por vezes, no entanto, vê-se por trás desse discurso uma outra ideologia, segundo a qual não é tanto a proteção da vida humana que interessa, mas sim a preservação ambiental como um fim em si mesma. O homem, segundo essa tese, é um fator de desequilíbrio ecológico; perturba a ordem natural do planeta. Privilegiar o homem em detrimento de outros seres (ou do ecossistema como um todo) seria moralmente errado; a atitude correta seria limitar e tolher a existência humana, consumidora ávida dos recursos naturais. Ela deve ser tolerada, e não incentivada.
E assim entramos em terreno perigosíssimo. As teses ambientalistas transformam-se em justificativa para práticas que violam o respeito mais básico à dignidade humana. Os doentes, os idosos, os mais fracos, esses só consomem; sustentá-los enquanto a humanidade drena o planeta seria uma atitude egoísta. Também o seria querer trazer novas pessoas ao mundo; já pararam para pensar nos impactos ambientais de gerar mais um filho? Será que a nova criança justifica os custos para a natureza e para as gerações futuras? E em todo caso, valeria a pena viver em um mundo poluído e desmatado? É um passo muito pequeno até a defesa explícita da eutanásia, do aborto e do controle populacional.
Será possível acreditar que alguém que vê com maus olhos a reprodução humana se preocupe com as “gerações futuras”? Não é porque agora justificamos certas práticas com base na ecologia e na “qualidade de vida” (mas apenas daqueles que tiverem permissão de viver!) que elas se tornam menos monstruosas do que quando eram justificadas pelos conceitos espúrios de pureza racial e aprimoramento genético.
2 comentários:
Joel, se o governo não controlar a emissão de poluentes, quem va fazer?
Eu tbm não entendo muito sobre isso, mas não se pode negar tbm que a falta de controle sobre certas atividades podem produzir danos ecológicos.
No mais, o controle do governo sobre a sociedade faz parte do contrato social que fizemos. Cedemos parte da nossa liberdade para este ente que de de certa forma toma medidas em busca do bem comum.
Sabe, eu não consigo entender como voces fazem parecer que os interesses econômicos tem que se sobrepor aos sociais e até ecologicos. Não entendo mesmo dessas teorias que vc citou.Seria ate interessante que alguém viesse aqui explicar... mas dentro da minha ignorancia sobre o assunto, eu acho que a economia deve se ajustar às medidas de proteção ambiental e bem estar da sociedade.
Neste tópico, como em muitos outros, a tentação de controlar é sempre muito grande. Como Hayek já dizia, quanto mais se controla, mais se tem a necessidade de controlar, até que finalmente o controlo é absoluto e total.
Isto faz-me lembrar a forma como um movimento ecológico conseguiu fazer com que uma empresa recuasse do seu anunciado investimento numa zona da Índia, sentenciando a vila ao lado a uma continuada existência em pobreza. A forma arbitrária com que certos movimentos ecológicos fazem estas acções leva à seguinte questão: porque é que são os aldeões pobres da Índia a fazerem o sacrifício para o bem global e não outros? Novamente, como Hayek já dizia, quem controla o quê, quando e quem?
O que é necessário perceber é que o progresso económico não é incompatível com a ecologia. Aliás, digo mais, o progresso económico é a única solução para os problemas ecológicos. Não digo que continuemos a poluir desenfreadamente, mas que usemos a nossa capacidade intelectual e a riqueza gerada pelo nosso progresso económico para encontrarmos novas soluções, mais eficientes e melhores em termos ecológicos.
Controlando as emissões de carbono estaremos sim a debilitar o progresso económico, levando-nos mais tempo a encontrar a solução para os problemas ecológicos, não esquecendo claro, períodos alargados de mau crescimento económico. Mas, não é exactamente isso que os movimentos ecológicos pretendem?
É a minha opinião que os ecologistas não têm apenas um problema com certas falhas na nossa sociedade, mas sim têm um problema fundamental com o actual modelo do progresso económico em geral.
Não tenho a mínima ilusão que mesmo que consigamos encontrar uma solução para o problema das emissões de carbono, facilmente será encontrada outra falha a criticar na nova solução e mais uma nova razão para controlar o comportamento humano.
Como nota final, não se pode e não se deve ver este assunto segundo a perspectiva de quem é a vítima e quem é o opressor. O crescimento económico é tão necessário ao bem estar da sociedade como o ambiente. Pondo a questão sob a forma em que o crescimento económico é o culpado pela degradação do ambiente e portanto há que eliminá-lo, criará mais problemas do que realmente irá resolvê-los.
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