Embora muitas vezes não percebamos, todo o nosso modo de vida, nossa sociedade, nossas instituições, nossas noções de moralidade, bem como todas as nossas ações conscientes, partem do pressuposto de que somos livres para escolher; ou seja, de que poderíamos ter agido, ao menos em determinadas situações, diferentemente de como agimos de fato. Supomos, em tudo o que fazemos, a existência do livre arbítrio.
Se não existir livre arbítrio, tudo o que pensamos e falamos sobre moralidade e ética, sobre direitos e deveres, sobre certo e errado, não passa de sons sem significado. Também todas as nossas ações conscientes perdem qualquer justificativa racional que possamos dar a elas; teríamos de aceitar que agimos como agimos não por considerar essa maneira de agir a melhor dentre as possíveis, mas sim por estarmos determinados. Nossas ações não seriam, de forma alguma, “nossas”; nenhuma responsabilidade teríamos por elas, e mesmo o conceito de pessoa humana individual se tornaria, na melhor das hipóteses, uma construção mental irrelevante.
O livre arbítrio é uma das experiências mais básicas da existência humana. É impossível viver e agir sem, ao mesmo tempo, aceitar implicitamente o livre arbítrio; negar sua existência, ainda que no campo puramente teórico, necessitaria razões fortíssimas. Assim, cabe àqueles que negam o livre arbítrio dar os argumentos que justificam essa posição intelectual tão frontalmente oposta ao bom-senso e mesmo à vida humana.
E os negadores do livre-arbítrio baseiam-se, em geral, no seguinte argumento: todo evento ou é determinístico (as condições nos quais se dá determinam seu resultado) ou é randômico. As nossas escolhas são eventos. Portanto, são ou determinadas completamente por outras variáveis, ou então são eventos aleatórios. Em ambos os casos fica claro que não há espaço para a responsabilidade humana, para o que chamamos propriamente de livre arbítrio: uma decisão que, tendo causas que a expliquem (não é aleatória), ainda assim não é determinada por elas, e poderia ser diferente do que foi.
O grande erro está na premissa inicial: de que todos os eventos são ou determinísticos ou aleatórios. Isso vale para fenômenos físicos. Mas supor que compreendam toda a realidade é ignorar um tipo categoricamente distinto de causalidade: o ato da vontade. A escolha consciente não é redutível a nenhum dos outros dois tipos; constitui uma terceira categoria de causalidade, a qual, assim como ocorre no caso das outras duas, não somos capazes de analisar muito a fundo, mas apenas de aceitar ou negar. A mente humana é incapaz de conhecer completamente qualquer coisa, inclusive a si mesma.
Não é possível demonstrar para alguém que o livre arbítrio existe; que a escolha humana constitui uma categoria não-analisável de causalidade. Assim como não é possível provar a existência da causalidade determinística que predomina nos eventos puramente físicos ao nosso redor. É uma questão de honestidade intelectual se submeter à evidência de nossa experiência mais básica enquanto seres humanos, e portanto sujeitos de ação consciente. O que se pode fazer é mostrar as conseqüências desastrosas (tanto para a sociedade como para o indivíduo) de se negar a liberdade de escolha, conseqüências que nem mesmo os deterministas mais pertinazes têm a coragem de aceitar.
Se não existir livre arbítrio, tudo o que pensamos e falamos sobre moralidade e ética, sobre direitos e deveres, sobre certo e errado, não passa de sons sem significado. Também todas as nossas ações conscientes perdem qualquer justificativa racional que possamos dar a elas; teríamos de aceitar que agimos como agimos não por considerar essa maneira de agir a melhor dentre as possíveis, mas sim por estarmos determinados. Nossas ações não seriam, de forma alguma, “nossas”; nenhuma responsabilidade teríamos por elas, e mesmo o conceito de pessoa humana individual se tornaria, na melhor das hipóteses, uma construção mental irrelevante.
O livre arbítrio é uma das experiências mais básicas da existência humana. É impossível viver e agir sem, ao mesmo tempo, aceitar implicitamente o livre arbítrio; negar sua existência, ainda que no campo puramente teórico, necessitaria razões fortíssimas. Assim, cabe àqueles que negam o livre arbítrio dar os argumentos que justificam essa posição intelectual tão frontalmente oposta ao bom-senso e mesmo à vida humana.
E os negadores do livre-arbítrio baseiam-se, em geral, no seguinte argumento: todo evento ou é determinístico (as condições nos quais se dá determinam seu resultado) ou é randômico. As nossas escolhas são eventos. Portanto, são ou determinadas completamente por outras variáveis, ou então são eventos aleatórios. Em ambos os casos fica claro que não há espaço para a responsabilidade humana, para o que chamamos propriamente de livre arbítrio: uma decisão que, tendo causas que a expliquem (não é aleatória), ainda assim não é determinada por elas, e poderia ser diferente do que foi.
O grande erro está na premissa inicial: de que todos os eventos são ou determinísticos ou aleatórios. Isso vale para fenômenos físicos. Mas supor que compreendam toda a realidade é ignorar um tipo categoricamente distinto de causalidade: o ato da vontade. A escolha consciente não é redutível a nenhum dos outros dois tipos; constitui uma terceira categoria de causalidade, a qual, assim como ocorre no caso das outras duas, não somos capazes de analisar muito a fundo, mas apenas de aceitar ou negar. A mente humana é incapaz de conhecer completamente qualquer coisa, inclusive a si mesma.
Não é possível demonstrar para alguém que o livre arbítrio existe; que a escolha humana constitui uma categoria não-analisável de causalidade. Assim como não é possível provar a existência da causalidade determinística que predomina nos eventos puramente físicos ao nosso redor. É uma questão de honestidade intelectual se submeter à evidência de nossa experiência mais básica enquanto seres humanos, e portanto sujeitos de ação consciente. O que se pode fazer é mostrar as conseqüências desastrosas (tanto para a sociedade como para o indivíduo) de se negar a liberdade de escolha, conseqüências que nem mesmo os deterministas mais pertinazes têm a coragem de aceitar.
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