Sobram nos cinemas belos exemplos de anti-heróis; mas e o herói, onde foi parar? Não falo de pessoas comuns fazendo o bem por acaso e nem de facínoras num ato de redenção, mas de um homem corajoso e determinado lutando com bravura e inteligência em defesa de uma causa nobre. Operação Valquíria oferece-nos isso: verdadeiro heroísmo.
A Alemanha sofria os altos custos (materiais e humanos) da guerra sob a megalomania totalitária de Hitler. Apesar da imensa adesão popular, nem todos apoiavam seus delírios. Um grupo de oposicionistas, formado por aristocratas, militares e políticos, conservadores e liberais, que viam na vulgaridade e barbárie do nazismo um mal intolerável, planejava um atentado contra o fuhrer. O coronel Claus Philipp Maria Schenk Graf von Stauffenberg, que sempre fora contrário ao nazismo, é introduzido a esse grupo em 1943, e logo toma as rédeas da operação clandestina.
Um grande mérito do filme é instanciar concretamente o princípio ético da revolta legítima contra a autoridade. O regime de terror nazista violava os direitos humanos mais básicos, além de condenar a Alemanha à pobreza e, previa-se, à humilhação; era justo revoltar-se. Contudo, a revolta não pode ser um ato isolado e sem propósito, um mero arroubo de violência findo em si mesmo. Os conspiradores queriam matar Hitler e ponto final. Stauffenberg aponta que só isso não bastaria: Himmler, o sucessor, tomaria o poder e tudo continuaria como antes. O atentado precisa integrar um plano completo de tomada do poder com boas chances de sucesso. Sem essa prudência, as boas intenções seriam vãs. O coronel não se faz de mártir romântico (o que, não nego, pode ser uma atitude cabível em circunstâncias desesperadoras). Pelo contrário: usa sua inteligência para trazer à realidade a justiça sonhada.
É difícil para nós imaginar a vida sob o totalitarismo. Falamos da tirania do PT e de como o Estado viola nossos direitos naturais, mas é óbvio que ainda temos uma boa liberdade. O filme mostra a vida sem ela. A suspeita paira sobre cada conversa. Um olhar mais demorado já causa insegurança. Um oficial descontente (potencial aliado) pode, ao invés de aderir aos conspiradores, delatá-los para subir na hierarquia oficial. Mesmo sem grandes explosões e tiroteios, cria-se uma atmosfera de tensão muito aguda, que culmina no momento do atentado.
Nesse ambiente de insegurança, intriga e suspeita, abundam os oportunistas e os covardes. Uma série de pequenos revezes e omissões (a mais fatal delas fruto da falta de coragem de um oficial chave da conspiração) faz com que tanto o atentado quanto a operação militar de tomada do poder falhem. Os membros são presos e executados, mas o destino de seus inimigos não é muito diferente. Um cúmplice oportunista, que virara a casaca na hora H para não cair em desfavor com Hitler, é executado pouco tempo depois, e o próprio fuhrer teria seu fim em breve, num suicídio secreto e humilhante. A morte igualou a todos; mas o que cada alma levava consigo era desigual.
Só ficou faltando retratar o lado espiritual do coronel. Profundamente católico, sua recusa do nazismo fundava-se nos valores do Cristianismo. Isso é mostrado de passagem, mas sem a devida importância. Quanto às faltas do próprio Stauffenberg, há um ponto a se levantar: por que demorou tanto? Desde sempre rejeitara o nazismo, mas a decisão de se insurgir veio apenas com a guerra praticamente perdida. A profunda reverência pelos valores militares e dedicação à glória da Alemanha (para a qual aspirava grandeza imperial) explicam, mas não justificam, a demora. Mesmo assim, à longa indecisão seguiu-se uma conduta irrepreensível.
Saí do cinema com o espírito elevado pela nobreza de caráter do coronel Von Stauffenberg. O atentado falhou, mas legou-nos um exemplo duradouro de virtude, tão necessário hoje em dia, quando até os super-heróis são “demasiado humanos” (demasiado pouco humanos, eu diria, mas isso é outra discussão). A morte heróica de Stauffenberg apenas reforçou a nobreza de seus ideais. O bem, mesmo quando fracassa, triunfa.
A Alemanha sofria os altos custos (materiais e humanos) da guerra sob a megalomania totalitária de Hitler. Apesar da imensa adesão popular, nem todos apoiavam seus delírios. Um grupo de oposicionistas, formado por aristocratas, militares e políticos, conservadores e liberais, que viam na vulgaridade e barbárie do nazismo um mal intolerável, planejava um atentado contra o fuhrer. O coronel Claus Philipp Maria Schenk Graf von Stauffenberg, que sempre fora contrário ao nazismo, é introduzido a esse grupo em 1943, e logo toma as rédeas da operação clandestina.
Um grande mérito do filme é instanciar concretamente o princípio ético da revolta legítima contra a autoridade. O regime de terror nazista violava os direitos humanos mais básicos, além de condenar a Alemanha à pobreza e, previa-se, à humilhação; era justo revoltar-se. Contudo, a revolta não pode ser um ato isolado e sem propósito, um mero arroubo de violência findo em si mesmo. Os conspiradores queriam matar Hitler e ponto final. Stauffenberg aponta que só isso não bastaria: Himmler, o sucessor, tomaria o poder e tudo continuaria como antes. O atentado precisa integrar um plano completo de tomada do poder com boas chances de sucesso. Sem essa prudência, as boas intenções seriam vãs. O coronel não se faz de mártir romântico (o que, não nego, pode ser uma atitude cabível em circunstâncias desesperadoras). Pelo contrário: usa sua inteligência para trazer à realidade a justiça sonhada.
É difícil para nós imaginar a vida sob o totalitarismo. Falamos da tirania do PT e de como o Estado viola nossos direitos naturais, mas é óbvio que ainda temos uma boa liberdade. O filme mostra a vida sem ela. A suspeita paira sobre cada conversa. Um olhar mais demorado já causa insegurança. Um oficial descontente (potencial aliado) pode, ao invés de aderir aos conspiradores, delatá-los para subir na hierarquia oficial. Mesmo sem grandes explosões e tiroteios, cria-se uma atmosfera de tensão muito aguda, que culmina no momento do atentado.
Nesse ambiente de insegurança, intriga e suspeita, abundam os oportunistas e os covardes. Uma série de pequenos revezes e omissões (a mais fatal delas fruto da falta de coragem de um oficial chave da conspiração) faz com que tanto o atentado quanto a operação militar de tomada do poder falhem. Os membros são presos e executados, mas o destino de seus inimigos não é muito diferente. Um cúmplice oportunista, que virara a casaca na hora H para não cair em desfavor com Hitler, é executado pouco tempo depois, e o próprio fuhrer teria seu fim em breve, num suicídio secreto e humilhante. A morte igualou a todos; mas o que cada alma levava consigo era desigual.
Só ficou faltando retratar o lado espiritual do coronel. Profundamente católico, sua recusa do nazismo fundava-se nos valores do Cristianismo. Isso é mostrado de passagem, mas sem a devida importância. Quanto às faltas do próprio Stauffenberg, há um ponto a se levantar: por que demorou tanto? Desde sempre rejeitara o nazismo, mas a decisão de se insurgir veio apenas com a guerra praticamente perdida. A profunda reverência pelos valores militares e dedicação à glória da Alemanha (para a qual aspirava grandeza imperial) explicam, mas não justificam, a demora. Mesmo assim, à longa indecisão seguiu-se uma conduta irrepreensível.
Saí do cinema com o espírito elevado pela nobreza de caráter do coronel Von Stauffenberg. O atentado falhou, mas legou-nos um exemplo duradouro de virtude, tão necessário hoje em dia, quando até os super-heróis são “demasiado humanos” (demasiado pouco humanos, eu diria, mas isso é outra discussão). A morte heróica de Stauffenberg apenas reforçou a nobreza de seus ideais. O bem, mesmo quando fracassa, triunfa.
2 comentários:
Será mesmo difícil imaginar a vida sob o totalitarismo no Brasil?
Experimente negar a teoria do aquecimento global de causa humana, industrial etc. Experimente defender a excomunhão de quem pratica ou colabora com o aborto, defender o bispo que anunciou a excomunhão. Você, que faz quaresma, defende o bispo publicamente? Experimente condenar o homossexualismo após a implementação da lei anti-homofobia. Você tem tanta liberdade que neste último caso será processado e possivelmente preso.
Você tem a liberdade de pregar a redução de impostos e o catecismo para pequenos grupos fechados; a patotinha do Martim, talvez uma panela no Opus Dei, os quatro colegas de universidade e quem sabe seu próprio pai e mãe. Mas experimente pisar na grande imprensa, na TV ou num debate universitário e você não encontrará outra coisa senão o bom e velho totalitarismo. Quer dizer, suas opiniões e as correntes às quais você adere estão bloqueadas do debate público, do fórum, da sociedade. Existe a opinião oficial, e só. Quer dizer, no fundo entre o Brasil e a Alemanha nazista há uma diferença de grau, que só não é compensada por falta de necessidade: se 87% da população já vive o suficiente sob a mentalidade socialista - até podem discordar nos detalhes mas concordam no essencial: é preciso salvar o mundo etc. - então prisão política para quê? Se 99.8% dos jornalistas empregados na imprensa são socialistas, censura para quê? Eles próprios fazem a censura ao que consideram errado e desprezível, i.e. o capitalismo e a religião, e dado o consenso nem precisam arcar com custo algum. Se 97.2% dos professores universitários são ateus e/ou socialistas não há motivo para tocar na liberdade acadêmica: a academia socialista deve ter toda a liberdade para formar massas de militantes.
Não, ninguém tem muito medo de ser preso no Brasil, é verdade, é a diferença de grau, mas o ostracismo, a execração e a exclusão pública pela simples posse de opiniões heterodoxas acontecem tal qual.
É fácil imaginar a vida sob o totalitarismo. É só não fingir que somos cidadãos comuns completamente ingênuos, mas estudantes que descobriram o mágico por trás da cortina.
Desculpe, mas acho que você está exagerando.
Eu mesmo já defendi tanto o Catolicismo quanto o capitalismo entre pessoas que pouco conheço, ou mesmo publicamente, e a reação não é, em geral, de repressão.
Posso escrever no meu blog, posso conversar com quem eu quiser, e sei que não serei preso ou silenciado à força.
Existe, é verdade, muita "censura" informal por parte de veículos de imprensa. A opinião pública é manipulada facilmente por táticas totalmente irracionais (intimidação por meio do sarcasmo, ataque a homens de palha, etc).
Mas isso tudo é "censura" apenas entre aspas. Nenhum jornal tem a obrigação de publicar o que quer que seja.
Se alguém mandar um texto pró-aborto para a Dicta, eu, como um dos editores, serei contra a publicação. Aposto que os outros serão também. Isso é censura? Não.
Se a Dicta virar o maior veículo de imprensa do país, será censura se negarmos um texto abortista ou pro-homossexual? Não.
Acontece sim muita desonestidade. Jornais que se dizem "imparciais" e que querem supostamente apenas promover o debate no final das contas publicam só um lado da questão, dando ao outro lado uma manifestação pequena e caricatural. A televisão, então, nem se fale; dá muito mais espaço a posições más. Isso é censura? Não.
Por que é que não existem mais canais com programação boa e que defendam bons valores? Não é porque "ninguém dá chance pra nós"! É porque falta, entre os bons, gente disposta a encarar essa empreitada, que não será dada de bandeja pra ninguém.
No cinema americano atual têm chegado filmes com conteúdo mais positivo, é só ficar atento.
Talvez, como você diz, essa liberdade só existe enquanto ela não ameace o status quo ateu e socialista. Será que, se esse status quo ficar ameaçado, perderemos a liberdade? Não sei.
Sei que, por enquanto, a liberdade (de opinião) existe.
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