Chega de questões particulares! Aqui vão os motivos gerais pelos quais o livre mercado é superior ao governo para satisfazer as necessidades humanas.
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que o governo não cria riqueza alguma: tudo o que ele pode fazer é retirar recursos produzidos no mercado e direcioná-los para outros fins. E ao fazer isso ele desestimula a produção desses mesmos recursos, já que agora as pessoas ficarão com menos daquilo que produzirem; um mesmo trabalho resultará num ganho menor; o retorno do trabalho cairá. Além disso, para conseguir arrecadar esses recursos, o governo tem que manter toda uma estrutura de coleta e cobrança, o que é, em si mesmo, custoso. Assim, a mera transferência de recursos do mercado para o governo envolve uma diminuição da quantidade total de recursos disponíveis.
Os principais problemas, no entanto, não estão na captação dos recursos, e sim no seu uso. E isso por dois motivos. O primeiro é o chamado problema dos incentivos. No livre mercado, um empresário que não consiga servir bem aos consumidores será logo trocado por outro. A firma incompetente sofre prejuízos, pois os consumidores preferem aquelas que os servem melhor. O mesmo ocorre com os funcionários de uma empresa: se trabalharem mal, receberão salários menores, ou serão até mesmo demitidos. Isso ocorre porque o financiamento da empresa depende integralmente da decisão dos consumidores de comprar dela ou não. Se o empresário não vender, não terá lucro; se o empregado não produzir, não terá salário. Isso cria um incentivo para que os participantes do mercado se esforcem em servir aos consumidores.
O oposto ocorre no serviço público: a receita do serviço público independe da qualidade ou da dedicação daqueles que nele trabalham; a remuneração deles ocorrerá independentemente de prestarem ou não um bom serviço, pois ela é retirada à força da população por meio de impostos. Assim, no serviço público não há qualquer incentivo para que se trabalhe bem ou que se seja mais produtivo. Muito pelo contrário: já que é mais fácil trabalhar mal do que bem, mais fácil ser preguiçoso do que diligente, o incentivo é sempre no sentido de atender pior às necessidades dos consumidores.
O segundo, e mais grave, problema, é o da informação. Se uma empresa passa a oferecer um serviço e lucra muito com isso, isso sinaliza que a sociedade demanda aquele serviço com urgência; outros empreendedores, ao constatar esses lucros, destinarão recursos para prover mais desse serviço. Da mesma forma, um gerente de uma empresa pode avaliar se um novo gasto satisfez ou não às demandas dos consumidores: se o novo gasto trouxe consigo lucros maiores, então esses recursos foram, do ponto de vista dos consumidores, bem-empregados; se o gasto trouxe prejuízo, então os consumidores julgaram que aqueles recursos teriam sido melhor empregados em outra finalidade.
Os serviços estatais não têm acesso a esse tipo de informação, pois não visam o lucro. Como pode um gerente de um serviço público saber se um dado gasto foi ou não bem-feito? Ou seja, como saber se esses recursos estão sendo bem empregados ou se existe uma outra finalidade que satisfaria melhor os desejos dos consumidores? Não há como saber isso. Sem essa informação, toda escolha de gasto será arbitrária. Construir uma nova ponte, fazer mais moradias populares ou aumentar as vagas nos hospitais? Sem a informação dada pelos lucros e prejuízos, que por sua vez dependem de preços definidos no mercado, esse tipo de decisão será puramente arbitrário.
Para que este texto não fique muito mais longo do que o habitual, mencionarei apenas mais um problema da provisão estatal de serviços, advindo do fato de que os preços desses serviços não refletem a real escassez relativa dos bens, e costumam ser muito inferiores aos que vigorariam no mercado (ou até mesmo gratuitos). Cobrando preços muito baixos, o governo incentiva que pessoas que não precisem realmente daquele bem ou serviço adquiram-no mesmo assim; ou seja, recursos da sociedade estão sendo gastos para que desejos pouco importantes sejam satisfeitos, deixando assim de atender necessidades mais prementes. Isso só pode ocorrer porque o financiamento dos serviços públicos é feito à força, por meio de impostos.
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que o governo não cria riqueza alguma: tudo o que ele pode fazer é retirar recursos produzidos no mercado e direcioná-los para outros fins. E ao fazer isso ele desestimula a produção desses mesmos recursos, já que agora as pessoas ficarão com menos daquilo que produzirem; um mesmo trabalho resultará num ganho menor; o retorno do trabalho cairá. Além disso, para conseguir arrecadar esses recursos, o governo tem que manter toda uma estrutura de coleta e cobrança, o que é, em si mesmo, custoso. Assim, a mera transferência de recursos do mercado para o governo envolve uma diminuição da quantidade total de recursos disponíveis.
Os principais problemas, no entanto, não estão na captação dos recursos, e sim no seu uso. E isso por dois motivos. O primeiro é o chamado problema dos incentivos. No livre mercado, um empresário que não consiga servir bem aos consumidores será logo trocado por outro. A firma incompetente sofre prejuízos, pois os consumidores preferem aquelas que os servem melhor. O mesmo ocorre com os funcionários de uma empresa: se trabalharem mal, receberão salários menores, ou serão até mesmo demitidos. Isso ocorre porque o financiamento da empresa depende integralmente da decisão dos consumidores de comprar dela ou não. Se o empresário não vender, não terá lucro; se o empregado não produzir, não terá salário. Isso cria um incentivo para que os participantes do mercado se esforcem em servir aos consumidores.
O oposto ocorre no serviço público: a receita do serviço público independe da qualidade ou da dedicação daqueles que nele trabalham; a remuneração deles ocorrerá independentemente de prestarem ou não um bom serviço, pois ela é retirada à força da população por meio de impostos. Assim, no serviço público não há qualquer incentivo para que se trabalhe bem ou que se seja mais produtivo. Muito pelo contrário: já que é mais fácil trabalhar mal do que bem, mais fácil ser preguiçoso do que diligente, o incentivo é sempre no sentido de atender pior às necessidades dos consumidores.
O segundo, e mais grave, problema, é o da informação. Se uma empresa passa a oferecer um serviço e lucra muito com isso, isso sinaliza que a sociedade demanda aquele serviço com urgência; outros empreendedores, ao constatar esses lucros, destinarão recursos para prover mais desse serviço. Da mesma forma, um gerente de uma empresa pode avaliar se um novo gasto satisfez ou não às demandas dos consumidores: se o novo gasto trouxe consigo lucros maiores, então esses recursos foram, do ponto de vista dos consumidores, bem-empregados; se o gasto trouxe prejuízo, então os consumidores julgaram que aqueles recursos teriam sido melhor empregados em outra finalidade.
Os serviços estatais não têm acesso a esse tipo de informação, pois não visam o lucro. Como pode um gerente de um serviço público saber se um dado gasto foi ou não bem-feito? Ou seja, como saber se esses recursos estão sendo bem empregados ou se existe uma outra finalidade que satisfaria melhor os desejos dos consumidores? Não há como saber isso. Sem essa informação, toda escolha de gasto será arbitrária. Construir uma nova ponte, fazer mais moradias populares ou aumentar as vagas nos hospitais? Sem a informação dada pelos lucros e prejuízos, que por sua vez dependem de preços definidos no mercado, esse tipo de decisão será puramente arbitrário.
Para que este texto não fique muito mais longo do que o habitual, mencionarei apenas mais um problema da provisão estatal de serviços, advindo do fato de que os preços desses serviços não refletem a real escassez relativa dos bens, e costumam ser muito inferiores aos que vigorariam no mercado (ou até mesmo gratuitos). Cobrando preços muito baixos, o governo incentiva que pessoas que não precisem realmente daquele bem ou serviço adquiram-no mesmo assim; ou seja, recursos da sociedade estão sendo gastos para que desejos pouco importantes sejam satisfeitos, deixando assim de atender necessidades mais prementes. Isso só pode ocorrer porque o financiamento dos serviços públicos é feito à força, por meio de impostos.
7 comentários:
Talvez o grande problema seja o Estado vigente. Você simplificou demasiadamente a analise de um Estado.
Agente principal é um problema em qualquer empresa, os mesmos métodos tem que são feitos para elmimninar os mesmo devem ser usados na área pública.
Lembre-se que a economia é dividida em 3 jogadores: Banco Central, Governo e o povo. Não necessariamente(provado com a teoria de jogos) eles agindo no que for melhor para cada um deles, significa em melhora de paretto(lembre-se do dilema dos prisieneiros).
Duvido muito que o Estado Norueguês seja um entrave para aquele país, principalemnte quando este fez dívidas para investir em petróleo no país.
Até acredito que você queria chegar num ponto de Estado mínimo. MAs você ainda não chegou nesse ponto de maneira concisa.
As palavra chaves da atualidade significa eficiência. Preciasamos de jogadores de qualidade para que o jogos seja feito de maneira ética e em busca da melhoria de Paretto.
Caro "anônimo",
agradeço seu comentário! Pelo conteúdo infiro que você, como eu, seja estudante de economia. Pois vejo que você usou muitos conceitos aprendidos em matérias de economia.
No entanto, temo que tenha faltado, da sua parte, mais senso crítico ao utilizar as "palavras-chave da atualidade".
Será que faz algum sentido dizer que a economia se "divide" em três jogadores (BC, governo e povo)? Isso é uma simplificação feita para um modelo específico que tem como finalidade analisar um ponto da realidade, que é como pode se dar a relação entre governo e Banco Central (autoridade fiscal e autoridade monetária) e quais as conseqüências dos diferentes tipos de relação que podem se estabelecer entre eles.
Mas não parece ser muito adequado para se tratar da realidade de forma mais abrangente, não é mesmo? Afinal de contas, o que se quer dizer quando se diz que o "povo" é um jogador? O que é medir payoff do "povo"? E do Banco Central?
Mas você diz algo de valor no início: de fato, a tomada de decisões na iniciativa privada é, ela também, marcada pela incerteza. Não existe, na realidade, tal coisa como informação perfeita; e isso é um dos motivos pelos quais o mercado é superior ao governo.
Se houvesse informação perfeita, não seriam necessários preços. E assim não seria necessária a existência do mercado.
Mas como a informação é radicalmente imperfeita, e nosso único jeito de conseguir coordenar a produção e produzir o que de fato satisfará as necessidades das outras pessoas são os preços, então precisamos sim do mercado, sem o qual seria impossível fazer qualquer planejamento racional da produção.
Claro, nenhuma decisão é tomada sem incerteza. Mas a decisão tomada pelo governo não tem sequer aquela informação essencial que está disponível aos agentes do mercado: os preços, que por sua vez determinam os lucros e os prejuízos.
Será que minha crítica se aplica apenas ao governo brasileiro? Parece-me que não, já que nos meus argumentos não dependi de nenhum caso particular.
É claro que o governo sueco provê melhores serviços do que o brasileiro; mas também é fato que ele é sustentado por uma população muitíssimo mais produtiva do que a nossa.
Se ao invés do governo sueco tivéssemos o mercado (isto é, as transações voluntárias entre as pessoas), a Suécia estaria, em muitos quesitos, melhor do que está hoje.
O que você acha do que eu falei?
Primeiramente preciso me deculpar pelos erros gramáticais.
Mas claro que o que falou é extremamente relevante. O modelo básico de liberalismo econômico é muito bom, no entanto ele não pode ser usado como uma "cartilha". Ele deve ser melhor adaptado para cada situação.
No meu caso, eu divido o modelo econômico nesse três agentes pois é o que deveria ser, um Banco central independente, um governo e um "povo" aqueles que votam e produzem; e eles são interdependentes. Bom e velho modelo do jones de rational expectations.
O grau de participação de todos os jogadores é extremamente relevante, mas nunca é zero afinal estado mínimo pressupôe uma certa presença(sem delongas quanto a essa presença mínima)
Ao pegarmos exemplos de país desenvolvidos, e analisarmos a presença do Estado ao longo do tempo que ela começa alta e vai dissipando ao longo do tempo( isso pode varia de caso a caso, mas nenhum páis começa simplesmente com um extrema ausência governamental). O melhor exemplo disso é China, uma econmia cada vez mais aberta, começa com um governo fechado ditatorial e que se abre aos poucos agora, duvido muioto que o crescimento desta economia tenha sido simplemsnete por causa da abertura, acredito que os jogadores estejam cada vez mais maduros quanto a situação econômica e jogo agora está cada vez mudando suas funções.
Ou tome como exemplo a trajetória dos tigres asiáticos.
Quanto a incerteza de infomação do mercado ela pode ser resolvida com outr mercado o de seguros. No entanto o governo em certos casos deveria possuir mais informação e saber e possuir um grau de participação maior quando os outros agente econômicos são incapazes de chegar ao grau de maturidade quanto aos payoffs futuros.
Na vedade minha visão de Estado seria como um grande pai, ele ensina o filho tudo, e chega numa idade ele manda o filho pra frente. Mas é claro que de vez em quando o "velho" aparece para dar um puxão de orelha e dar uma ajuda.
Enfim os agentes econômicos precisam de maturidade para agir de certa maneira que o livre mercado preconiza.
Temos de tomar cuidado com o longo prazo, pode ser que em alguns casos o mercado possa ser tarde demais para conseguir algo.
O caso Brasileiro é uma tristeza, vivemos numa sociedade muito desigual. Parece que os agentes econômicos (que compôem a camada elitoral e produtiva) são cada vez menos capazes de agir de maneira racional qando você desce na escala social. Bem a questão vai se tornando também ética, não quro entrar nesse ponto.
Algo que acho muito engraçado é o que ocorre na Europa hoje: a trajetória descrescente da população européia, e a crescente xenofobia.
Enfim, o Estado é essencial o jogo que muda de acorod com o tempo definirá seu papel.
Joel,
Assim como voce, sou um defensor do estado minimo. Acredito que o mercado e na maioria das vezes - so para nao generalizar - mais eficiente do que o Estado. Concordo com a maior parte de seus argumentos, discordando em parte de alguns.
Acredito sim, que existem (pelo menos em democracias) feedbacks nas acoes do governo, de modo que a demanda por servicos seja informada, e que exista um "certo" comprometimento da parte do governo com a qualidade dos servicos prestados, porem, ambos os feedbacks de menor magnitude do que os do mercado. Acredito ainda, que devido a estes mesmos feedbacks, ocorram os maiores problemas no que tange a alocacao de recursos.
A ineficiencia partiria do fato de que em uma democracia, o governo seja eleito por maioria, e sendo assim quem elege o representante e o eleitor mediano (teoria de Arrow). Esse eleitor mediano, nem sempre equivale ao eleitor medio (em termos de renda) e em muitos casos, paga menos impostos do que este ultimo. Sendo assim, o mediano obtem bens publicos a um custo inferior ao real, e assim demandaria mais bens do que seria o otimo. Para o governo (que pressupoe-se que queira se manter no poder), a saida e atender aos desejos do eleitor que decide eleicoes. Sendo assim, a alocacao de recursos fica viesada, levando a um ponto nao ideal.
Nao sei se fui claro. Tentei ser o mais sucinto possivel, sem escrever outro artigo para dissertar sobre o assunto.
Foi bem claro sim.
Também eu não sou contra o Estado em todo e qualquer ponto. O título dizia "sempre" mais com finalidade polêmica do que refletir literalmente a minha linha argumentativa.
Sim, a democracia tenta criar um feedback, e ela representa a vontade da maioria, representada pelo eleitor mediano.
Ora, mas a vontade da maioria pode ser péssima. O eleitor mediano pode estar totalmente equivocado; e nesse caso as políticas serão desastrosas.
Exatamente Joel. Voce conseguiu em poucas palavras chegar a conclusao que eu almejava.
Quanta bobagem junta, cara. "o governo não cria riqueza alguma: tudo o que ele pode fazer é retirar recursos produzidos no mercado." Ou seja, nos antigos países socialistas como a URSS não existia riqueza alguma? Ou seja, a Petrobrás não produz riqueza alguma? Ou seja, a Embrapa não produz riqueza alguma? Ou seja, as empresas de financiamento imobiliário americanas é que produzem a riqueza? O resto é tão lamentável quanto, nem vou comentar, tchau.
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