Já é fato corriqueiro ver o Brasil nas últimas colocações de rankings mundiais. Educação, saúde, violência, corrupção ou crescimento econômico, não importa. Estamos sempre lá, ocupando “honrosas” posições no fim da lista.
Dessa vez, não foi diferente. Em estudo analisando a competitividade dos BRIC’s, as economias emergentes que apresentam maior potencial de desenvolvimento, ficamos, mais uma vez, na última colocação (veja aqui). O ranking analisa diversos aspectos das economias em questão, divididos em três grandes grupos: custo e disponibilidade de capital, custo fiscal e institucional e custo operacional. Em suma, o estudo analisa o ambiente de investimentos no país de uma maneira ampla.
Passemos brevemente por cada um dos grupos acima. Primeiro vem o custo e disponibilidade do capital. É consenso que o combustível do crescimento econômico é a poupança. É uma escolha intertemporal que qualquer sociedade deve fazer, “poupar agora para consumir mais depois”. O que é poupado hoje possibilita investimentos visando o aumento da capacidade produtiva de amanhã. Sendo assim, para que um país cresça consistentemente, é necessário que tenha acesso à poupança que financie sua expansão produtiva. É disso que trata o primeiro grupo, a quantidade e o preço, na forma da taxa de juros, da poupança disponível na economia.
Na atual situação, a maior parte da poupança interna brasileira tem sido destinada a financiar os déficits governamentais. Não sendo isso o bastante, também é prática comum recorrermos à poupança externa para esse fim. O grande problema é que quão mais deficitário é um governo, maiores são as taxas de juros que deve oferecer para angariar a quantidade de recursos necessários para fechar seu orçamento.
Com isso, caso uma empresa resolva expandir suas operações e, para tanto, necessite de financiamento, terá de concorrer com a taxa de juros paga pelo governo. Se ele é adepto da frouxidão fiscal e, portanto, muito deficitário, paga altas taxas de juros. A essa taxa elevada, a maioria dos investimentos torna-se impeditiva, gerando um entrave ao crescimento econômico. Há o desvio de capital do setor privado, onde certamente teria melhor uso, para o público com toda sua ineficiência. Com isso, pode-se entender porque reinam os juros altos e a falta de capital destinada a financiar projetos produtivos.
Já no segundo grupo, temos a questão da tributação, que pode representar um entrave ao surgimento e bom desempenho de empresas, dificultando sua expansão e tornando suas operações menos lucrativas. Além disso, esse grupo engloba também o ambiente institucional de um país. São exemplos de fatores importantes nesse ambiente a segurança jurídica, nível de corrupção, trâmite burocrático, leis trabalhistas entre outros. Um conjunto composto por altos impostos, pouca segurança jurídica, leis trabalhistas mal formuladas, altos índices de corrupção e entraves burocráticos ao funcionamento da economia colocam o Brasil, mais uma vez, distante do desejado.
Por fim, o último grupo, é referente a custos diretamente operacionais como custo e produtividade da mão-de-obra, custos de logística e transporte, matriz energética, insumos e etc. Mais um grupo de fatores que afeta em grande medida o desempenho da economia onde nosso país deixa a desejar.
A situação do Brasil nos três grupos acima, além de se colocar como um entrave ao bom aproveitamento dos recursos nacionais, ainda representa um forte fator negativo a entrada de recursos estrangeiros no país. Pois, por aumentarem os riscos envolvendo investimentos no país, fazem com que seja exigido maior retorno por parte dos agentes, restringindo muito a gama de projetos que recebem esse tipo investimento.
A vergonhosa posição do Brasil no ranking mostra uma verdade irrefutável. Embora muitos argumentem que o problema do país é o excesso de práticas neoliberais no passado recente, a verdade vai justamente no sentido oposto. O grande problema do Brasil é, e sempre foi, a falta de um ambiente que promova de maneira eficiente o funcionamento do livre-mercado. Em um misto de ignorância com vontade de se perpetuar no poder, as lideranças políticas brasileiras caíram em sua própria arapuca populista. Já não sabem mais sua função dentro do país, e vivem às custas de uma utopia redistributiva, se afastando cada vez mais do que realmente melhoraria a vida de todos. Afinal, do que adianta melhorar a distribuição de renda, se o que se está distribuindo é a pobreza?
Um comentário:
Concordo plenamente!
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