quarta-feira, junho 25, 2008

Revista Dicta & Contradicta

Boas notícias... para mim!

A revista Dicta & Contradicta, da qual faço parte (como co-editor e autor de um artigo de filosofia), está em segundo lugar na lista dos livros mais vendidos da Livraria Cultura, categoria não-ficção.

Digo com segurança que o resultado final dela é muito bom; e não falo por minha causa (não tenha dúvidas: meu artigo não é dos mais importantes, e nem dos melhores, da revista). Se você ainda não tem a sua, ou se ainda nem ouviu falar dela, ainda é tempo de mudar!

Em breve virá um update real para este blog. Um texto sobre as implicações das descobertas da neurociência para nosso pensamento sobre ética; um assunto da moda! Até lá, tenho feito pequenas contribuições ao site da revista, http://www.dicta.com.br/ , que procuramos manter diariamente atualizado com novas sugestões e pequenos artigos.

sexta-feira, junho 13, 2008

Ensino Superior ou Ostras em Coma

“Ostra em coma” foi como um amigo descreveu um certo tipo de pessoa. É maldoso; até certo ponto injusto. Contudo, uma ótima descrição. Referia-se àqueles cujos interesses reduzem-se exclusivamente ao eixo “faculdade-balada”. Provas, estágio, festas, cervejadas, viagens esportivas e intercâmbio. E só. Todas as energias e toda a atenção voltadas ao fluxo mais superficial e efêmero da existência: de um lado, o prazer sensível; de outro, o livro-texto – ambos dotados de algum bem, entenda-se! Mas de um bem pequeno, e que portanto não merece o lugar de destaque na formação intelectual e no lazer. Quatro anos dedicados à sucessão incoerente de “maratonas” de estudo pouco interessado (porque pouco interessante) e festivais de hedonismo vazio (falei das baladas; videogames e mangás também estão na lista). Qual o resultado disso? Uma existência fragmentária, impensada e pouco significante.

Claro, isso é só uma tendência geral. Ninguém é completamente ostra em coma. Há sempre graus de lucidez; momentos de ostra alerta. Mas a tendência é na direção do coma. Parte considerável dessa culpa é das próprias faculdades e universidades, que abandonaram qualquer idéia de formação humana mais completa. Afinal, não existe um bem objetivo para o homem, não existe um sentido na vida. Existe apenas o mercado de trabalho; vamos, portanto, formar técnicos, especialistas na última novidade do setor, e colocá-los para trabalhar o quanto antes. Vamos ensinar esses economistas a maximizar o lucro com funções de produção em espiral. Com cursos inteiros voltados a esse fim, fica difícil expandir os horizontes da vida. Contudo, se a estrutura dos cursos não coopera, é apenas a disposição dos alunos que concretiza a ostrificação.

Se existe algum momento na vida em que temos oportunidade de nos dedicar às grandes questões da existência e formar os laços pessoais que durarão até a nossa morte, é exatamente nos anos do ensino superior. Se alguém quiser estudar em profundidade alguma coisa nessa vida, seja ela qual for, essa é a hora. Talvez, de fato, seu caminho não seja dedicar-se “full time” à técnica bélica dos olmecas; mas, se um lampejo de interesse existir, porque não persegui-lo a fundo enquanto ainda é possível? Podemos ir mais longe, e tratar das grandes perguntas, de Deus, do que cada um espera da vida, dos valores que hão de reger nossa conduta. Todo mundo responde a essas perguntas na prática, com suas ações; mas formulá-las na mente e conversar sobre elas ajuda a encontrar respostas melhores.

É exatamente nesse exercício em comum da razão que se formam as amizades profundas. Meros colegas, companheiros de aulas e baladas, têm uma amizade baseada, antes de tudo, no prazer; quando o prazer cessa, ou quando se distanciam um pouco (digamos, as aulas de um mudam de horário), o vínculo logo desaparece. Já a amizade baseada na interação racional e na preocupação com o bem objetivo um do outro é mais duradoura e gratificante.

Por mais que os cursos sejam bitolantes, os livros estão por aí. Os filmes, as peças e os concertos também. Há pessoas para se conhecer mais profundamente, palestras para se assistir, enfim, oportunidades não faltam. Também não falta tempo! Quem diz que não tem tempo, revela apenas que prefere tudo aquilo que faz ao longo da semana (as longas horas de TV e de jornal, o deitar na cama e olhar o teto, etc) à opção que rejeita com esse pretexto. Falo com conhecimento de causa: fiz graduação dupla, uma delas na faculdade de economia mais puxada do país, e tinha tanto tempo livre que não sabia o que fazer com ele (posso dizer que conheço bem o teto do meu quarto). Quem quer, encontra tempo; quem não quer, encontra desculpas.

Das duas causas da crise do ensino superior - a estrutura das instituições e a disposição dos estudantes - falei apenas do segundo, certamente o menos interessante. Que conclusão pode-se tirar a não ser “Vamos, mexam-se!”? Não há mais o que dizer; cada um descobrirá, nas suas circunstâncias, o que é melhor fazer. Talvez eu tenha escolhido este tema pela clara percepção de que meu tempo de graduação poderia ter sido mais bem aproveitado (embora algum ainda me reste, e eu me esforce para mudar as coisas), e por ver tantas outras pessoas usando-o tão mal ou ainda pior.

O volume das ostras em coma parece crescer; uma solução para isso passará, certamente, por profundas reformas institucionais a longo prazo; mas antes que elas ocorram, e mesmo para que elas ocorram, é necessária uma mudança individual de atitude com relação ao conhecimento e à vida universitária por parte dos estudantes. Como operar isso permanece, para mim, um mistério.

sábado, junho 07, 2008

Evento em São Paulo





Este convite vai para todos aqueles que estarão em São Paulo no dia 10/06.

Como podem ver acima, haverá o coquetel de lançamento da revista Dicta&Contradicta (da qual faço parte como escritor de um artigo de filosofia e membro do conselho editorial), do Instituto de Formação e Educação ( http://www.ife.org.br/ ).

O que posso dizer sobre ela? Claro que sou suspeito, mas acho que o resultado final ficou muito bom. Temos, dentre os artigos principais, uma transcrição editada das últimas aulas do poeta Bruno Tolentino, e um ensaio literário do prof. Luiz Felipe Pondé.

Na seção de filosofia, além do meu artigo sobre o livre arbítrio, há um artigo do nosso editor, Henrique Elfes, sobre as severas limitações das ciências humanas hoje em dia, e um do prof, Luiz Antônio Lindo, da faculdade de Letras da USP, sobre a natureza da linguagem (palavras se referem a coisas na realidade, ou apenas umas às outras?).

Há uma seção de análise de poesia, feita, nesse número, pelo Pedro Sette Câmara, já notório por seu trabalho em ajudar muita gente a apreciar melhor essa arte.

Isso dá apenas uma pequena amostra do conteúdo da revista. Ao longo de suas páginas, há espaço para poemas, contos, resenhas de filmes e livros, ensaios traduzidos e até uma coluna humorística.

Enfim, todos os leitores deste blog estão convidados, e se conhecerem alguém que possa se interessar, que os tragam também!