terça-feira, agosto 29, 2006

Desemprego Total Gerado por Máquinas: Zero

Todo dia milhões de pessoas usam o telefone. Quando desejamos nos comunicar com quem está longe, nada é mais fácil do que tirá-lo do gancho e fazer uma ligação. Parece, ao olhar do homem comum, uma operação inocente e perfeitamente aceitável. Mas engana-se mortalmente: esse singelo aparelho rouba diariamente o sustento de milhões de seres humanos! O uso dessa máquina condena a humanidade à miséria! A quem duvida dessa dolorosa verdade, basta apontar a prova: se não houvesse telefone, ou se seu uso fosse proibido, todo mundo precisaria mandar suas mensagens por meio de mensageiros contratados; a demanda pelos serviços do correio seria muito maior do que ela é hoje, empregando assim muito mais funcionários. Esses funcionários, com o salário que ganhariam, comprariam muito mais produtos, fazendo assim a economia produzir mais, levando-nos, assim, a um patamar de prosperidade de sonhos. Mas, dado que a máquina telefônica existe e sua utilização é permitida, a pobreza reina incontestada.

Que os leitores deste blog não se ofendam com a patente absurdidade do raciocínio acima. Ele é apenas uma versão explícita e exagerada, mas essencialmente idêntica, de um argumento totalmente falacioso que convence a grande maioria dos que a ele são apresentados: máquinas exercem funções que poderiam ser exercidas por homens, e portanto tiram empregos de homens, e portanto aumentam a pobreza. Na verdade, em termos líquidos, nenhuma máquina jamais gerou desemprego algum em qualquer sociedade; pelo contrário, apenas aumentou a riqueza: liberou mão-de-obra e recursos para que se dedicassem a outras atividades e assim satisfizessem desejos humanos que antes não eram satisfeitos.

Voltemos à imagem da casa de família de alguns textos atrás: pai, esposa e filhos. Todo dia de manhã o filho mais velho levanta e rega as plantas do jardim, e gasta nisso meia-hora. Um belo dia, tendo juntado algum dinheiro, o pai compra um regador automático para as plantas e instala-o no jardim. Deveria o filho se preocupar e protestar contra essa máquina, dado que ela o deixa sem ter o que fazer? Não, pelo contrário: agora o filho tem mais meia-hora disponível em seu dia, a qual pode dedicar à leitura, à interação com a família, a consertos pela casa, à oração, às artes ou a qualquer outro fim que lhe convier. A casa como um todo enriquece com a instalação da máquina, que permite a realização de novas atividades.

Quando instalamos um telefone e deixamos de usar os correios, economizamos nossa renda e nosso tempo, que poderão agora se destinar a novos fins, e satisfazer mais desejos nossos. Da mesma forma, quando um industrial do ramo de eletrodomésticos instala máquinas e despede trabalhadores, ele não está gerando desemprego algum. O ex-funcionário da fábrica perdeu seu emprego, e terá que achar uma nova função para si. Ao mesmo tempo, no entanto, a economia de recursos na produção da geladeira faz com que seja possível produzir coisas que antes não seriam produzidas, e cria assim novas oportunidades de negócios, as quais geram, por sua vez, empregos. A diferença entre antes e depois da instalação da máquina é que, com os mesmos recursos, produz-se agora mais do que era possível anteriormente.

O trabalho não é em si algo bom; não é um fim em si mesmo. O trabalho é apenas o meio para chegar ao fim que almejamos: os produtos e serviços que dele resultam, e com os quais os homens satisfazem suas necessidades e desejos. Aumentar o trabalho às custas do produto do trabalho é aumentar o sofrimento e a pobreza às custas da abundância e da felicidade. É instalar uma lâmpada que, consumindo mais eletricidade, produz menos luz; ou, nesse caso, quebrar a lâmpada, trocá-la por um fogareiro e pagar alguém para mantê-lo aceso.

sexta-feira, agosto 25, 2006

O problema Juros

Um dos muitos temas da nossa economia é a questão referente a Taxa de Juros no nosso país. Diferente do que uma candidata a presidência falou, uma das principais ferramentas da taxa de juros é controlar a inflação da economia, já que o preço do crédito fica mais alto e assim as pessoas irão ter menos incentivos para consumir.

Ultimamente estamos passando por uma queda na taxa básica de juros (hoje em dia em 14,75%) e a principal discussão é em relação a velocidade da diminuição da taxa de juros pelos bancos privados e o elevado Spread dos bancos. Para quem não esta muito familiarizado com esse termo, spread é a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada dos clientes. Ou seja, a diferença entre a taxa na qual os bancos investem o dinheiro e a taxa que eles cobram do consumidor.

Para se ter uma idéia da magnitude desses números, a taxa de juros de empréstimo para pessoa física caiu apenas 1,5 ponto (54,3% ao ano em média) e o spread desta operação esta em torno de 39,7%, uma queda de apenas 0,9 ponto de acordo com a ultima pesquisa do Banco Central. Para se ter uma idéia o nível médio dos spreads é o menor desde 1994.

Depois de uma série de dados temos que tentar entender como esse cenário se sustenta no país por mais de 10 anos e como ele pode ser modificado.

Parece-me que um dos principais problemas do sistema bancário é a falta de competitividade dos bancos. No nosso país, temos uma alta concentração dos depósitos e operações financeiras centradas em, no máximo, 5 bancos que operam com taxas bancárias parecidas, desfavorecendo a competitividade. Alem disso, não existe uma mobilidade plena dos salários nos bancos. Normalmente, se uma empresa Y tem uma conta no Banco X, seus funcionários só podem receber seu salário em conta se tiver conta no mesmo banco X.

Outros dois pontos relevantes para essa discussão é o nível de inadimplência do pagador, que nos últimos anos vem aumentando consideravelmente e o nível do compulsório que o governo coloca aos bancos, este último influenciando fortemente na quantidade de crédito que o banco pode disponibilizar para a população. Com uma maior quantidade de crédito, a taxa de juros dos mesmos tende a diminuir, o que favorece a diminuição do spread.

O atual governo esta tentando colocar algumas medidas, como o DOC reverso, que tem como objetivo dinamizar um pouco mais o mercado bancário e facilitar a mobilidade de capitais entre os mesmos.

Essas distorções do mercado traduzem a falta de ineficiência de algumas áreas do sistema bancário do país que o próximo presidente e sua equipe devem se preocupar e achar soluções possíveis para acabar com essa oportunidade de ganho fácil dos bancos.

domingo, agosto 20, 2006

O Direito de Propriedade e sua importância

Pode se dizer, de maneira muito direta, que a função do Direito é garantir a existência e manutenção dos Direitos Fundamentais. Quais são esses direitos é um assunto passível de muita discussão. E, realmente, trata-se de um tema complicado, sendo difícil acenar com um critério aceito por todos. Porém, meu objetivo aqui não é entrar nesses méritos e sim discorrer um pouco sobre o Direito de Propriedade, que incluo na categoria acima citada, dentre os mais importantes para o ser humano.

Primeiro, o que é o direito de propriedade? Direito de propriedade, pela doutrina tradicional, garante a seu titular o direito de usar, gozar e dispor da coisa, da maneira que lhe parecer mais conveniente, sem que outrem possa interferir.

Segundo, por que o considero fundamental? O motivo é simples: é tanto a maneira mais eficiente, quanto a mais justa de se organizar a sociedade humana. É a base da sociedade civilizada. Imagine a seguinte situação: Fulano é um excelente produtor de batatas. Caso viva em um mundo aonde o direito de propriedade seja respeitado, ele poderá possuir uma fazenda, aonde plantará as batatas que venderá para seus vizinhos. Quanto mais plantar, maior seu benefício. Agora imagine que esse mesmo produtor viva em um mundo aonde não exista o direito de propriedade. Tudo que ele produzir poderá ser roubado, basta aparecer alguém mais forte que ele. Quanto mais ele produzir, mais chamativo será para os ladrões. Desse modo, ele produzirá apenas o necessário para sua sobrevivência e ainda correrá o risco de ser roubado.

Na primeira situação, tanto o produtor de batatas, quanto todos ao seu redor, estarão sendo beneficiados, pois uma maior abundância de bens na sociedade faz com que as chances de ocorrer uma troca mutuamente benéfica aumentem. Todos têm incentivos para produzir seu máximo, visto que o benefício de seu trabalho será, a princípio, completamente deles. Já no segundo caso, ocorre o oposto. Os incentivos para se produzir algo são mínimos, sendo a melhor saída para todos roubar a produção alheia, inibindo assim a existência de um mercado e levando aquela sociedade a um empobrecimento brutal.

Em suma, o direito de propriedade faz com que os donos de determinado bem tenham incentivos para utilizá-lo da melhor forma possível, pois colherá os benefícios em prol de sua própria pessoa levando ,dessa maneira, toda sociedade a uma situação melhor. Exemplo gritante disso vem da extinta União Soviética, onde a produtividade de um agricultor no pequeno quintal de sua casa era absurdamente maior do que a do mesmo trabalhador nas fazendas comunitárias. O motivo, o que produzia em sua casa, o trabalhador podia manter integralmente, enquanto nas fazendas comunitárias sua produtividade em nada afetava sua remuneração.

Assim, pode-se observar que o direito de propriedade exerce um papel fundamental em toda e qualquer sociedade, sendo ele um dos pilares que sustenta, e ajuda a explicar, o desenvolvimento de algumas nações. Desse modo, acho extremamente intrigante como, em pleno ano eleitoral, ninguém se manifeste acerca desse assunto. Com toda espécie de movimentos sociais, atacando dia após dia o direito de propriedade, invadindo de maneira aleatória a propriedade alheia, sem punição alguma, era de se esperar que algum dos candidatos se propusesse a resolver o problema. Pode ser que esse silêncio seja apenas medo de perder eleitores. Porém, pode significar algo muito mais assustador: que o direito de propriedade está com seus dias contados no Brasil.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Feminismo e eficiência alocativa

Continuando a discussão sobre o feminismo, o propósito desse texto é discutir duas questões: se é racional ou eficiente a luta das mulheres pelos mesmos postos de trabalho que os homens e se essa diferença no padrão de ocupação do trabalho é de fato uma “exploração da mulher pelo homem”. Ainda sobre esse último ponto, tentarei argumentar no sentido de que a divisão tradicional na qual a mulher é “dona de casa” e o homem “sai para trabalhar” não significa uma exploração e pode ser simplesmente a escolha mais produtiva para a unidade familiar.

Como já demonstrado neste blog, agentes econômicos com produtividades diferentes ganham, no sentido em que podem consumir mais do que sua produtividade, com trocas. Esse é um princípio geral e se aplica para diferentes países e diferentes pessoas. Naturalmente, pode se aplicar para diferentes sexos. Além disso, é patente a diferença média nas habilidades de homens e mulheres. Homens, por exemplo, são em média mais talentosos com habilidades quantitativas, ao passo que mulheres têm excelência em questões estéticas. Dessa forma, é difícil argumentar que a ocupação dos mesmos tipos de trabalho por homens e mulheres seja benéfica para a sociedade ou que os maiores salários que engenheiros homens ou decoradoras mulheres ganham (supondo que isso seja verdade) sejam algum tipo de preconceito. É possível, dadas as diferenças entre os sexos, que engenheiros homens e decoradoras mulheres sejam mais produtivas que seus colegas do outro sexo.

Sobre a questão da diferença entre salários é importante esclarecer que para uma conclusão objetiva e imparcial quanto aos maiores salários que um sexo recebe em média não basta comparar os salários dos dois gêneros. É possível, que um dos sexos tenha em média mais experiência de trabalho ou mais educação, dois fatores que afetam o salário. Só podemos afirmar que há preconceito no mercado de trabalho se mesmo com educação e experiências iguais, além de todas as outras variáveis que impactam o salário iguais, um sexo ainda assim ganhe em média mais que o outro. E esse não parece ser o caso.

Estabelecidos esses pontos, voltemo-nos para um experimento mental: imaginemos uma família de pai, mãe e filhos. Essa família precisa de recursos para se manter (obtidos no mercado de trabalho) e de uma quantidade de trabalho a ser exercida em casa (para preparar comida e educar os filhos, por exemplo). Suponhamos também que existam ganhos de escala (uma pessoa trabalhando oito horas em casa produz mais que duas pessoas trabalhando quatro horas)*. É natural que o casal divida trabalho, um deles cuidando da casa e da família e o outro ganhando dinheiro no mercado de trabalho, não importando o sexo. Contudo, é razoabilíssimo supor que as produtividades não sejam iguais e que a mulher tenha seja mais produtiva no trabalho em casa por um motivo básico: mulheres biologicamente são mais aptas para cuidar da prole. À luz desse argumento, fica claro que a divisão tradicional de tarefas não significa exploração nenhuma, mas apenas a maneira mais racional de se dividir trabalho dentro de uma família.

Obviamente, tal argumentação não explica (tampouco defende) a inexistência de direitos políticos de mulheres em diversos países do mundo ou as leis que as reprimem nos países islâmicos, por exemplo. E é essa luta na qual o feminismo deveria se concentrar.

domingo, agosto 13, 2006

A Anti-Mulher

A mais elementar percepção da realidade humana revela que homens e mulheres são diferentes não só fisicamente, mas também em suas características psicológicas, em suas habilidades e jeito de ser. Hoje em dia, no entanto, essa verdade clara está sob ataque dos movimentos feministas, que no lugar dela impõem a todos um conjunto de crenças e valores revolucionários e contraditórios. Dedicarei este artigo a desmascarar a ideologia feminista em toda sua contraditoriedade.

A história da humanidade, segundo as feministas, é uma de opressão e tirania. Opressão da mulher pelo homem; tirania do macho sobre a fêmea. Ao longo dos tempos, todos os homens se esforçaram para reprimir as verdadeiras aspirações femininas. Perpetuamente acorrentadas pela tradição hierárquica, autoritária e patriarcal do Ocidente, há muito que elas clamavam interiormente pela libertação do jugo maléfico do outro sexo. A vida em família, a administração do lar, a maternidade, o comportamento delicado e até mesmo a saia são as correntes a ser quebradas se a mulher há de ser livre. Que nem todas pensem assim explica-se facilmente: se alguma quer algo tão repugnante como ser dona-de-casa, é porque sua mente foi adulterada pelo poder masculino e não sabe o que quer; isso se não se tratar de uma traidora consciente do gênero.

Mas vejam só a contradição inicial: dado que o homem desempenha um papel tão brutal e destrutivo, é de se esperar que as feministas rejeitem a masculinidade. Muito pelo contrário: querem-na para si. As feministas, e por contágio todas a quem influenciaram, ambicionam a vida e os papéis que sempre couberam ao homem e que o acusam por desempenhar. O tipo de trabalho, as roupas, o modo de se comportar e falar (sem poupar os palavrões!) e até a linguagem corporal; querem assemelhar-se aos homens em tudo e copiam exatamente aquilo que condenam neles. Essa primeira contradição, na verdade, esconde outra mais profunda: o feminismo não odeia o homem; ele odeia a mulher.

Por trás de toda a revolta, da estética masculinizada e rebelde e do desejo de ocupar o lugar antes ocupado pelo homem, está o simples ódio à feminilidade. A dona-de-casa, a mãe, ou a freira, são objetos de desprezo. O comportamento delicado e a pureza parecem-lhes hábitos insuportáveis e repulsivos. A mulher feminista odeia, e por isso luta contra, sua própria natureza. E é essa sua maior contradição: a negação do próprio ser. Como toda contradição posta em prática, seu resultado só pode ser ruim: perde-se a mulher para ganhar-se uma caricatura grotesca do homem, em geral com o que há de pior nele.

Homens e mulheres têm naturalmente aptidões diferentes, mas poucas coisas há que sejam exclusivas a um sexo apenas. A grande maioria das funções pode ser desempenhada por ambos: do trabalho doméstico à presidência da república. Mas em cada atividade, e em todas as esferas da vida, a forma de proceder de cada sexo é distinta. Essa desigualdade é muito boa, pois torna a sociedade humana mais rica e completa. Conforme se concretiza o sonho feminista, perde-se algo valiosíssimo, que é a feminilidade. A sociedade masculinizada pelo feminismo é muito mais pobre, feia e burra do que aquela em que masculino e feminino convivem harmônica e pacificamente (bem... nem sempre pacificamente!). Longe de dar à mulher o que lhe é de direito, o feminismo coloca-a em risco de extinção.

quarta-feira, agosto 09, 2006

Na hora da discussão

Não me surpreende a atitude tomada pelo nosso presidente da república quando questionado se ia ou não participar de debates políticos. Além de enrolar como todo político médio tenta fazer, ele deixou claro que dificilmente irá participar dos debates políticos com medo (sim, medo!) de ataques dos adversários em relação aos inúmeros casos de corrupção que foram evidenciados e confirmados pelas CPIs que foram instauradas na sua gestão.

Esse fato, de não querer participar do debate político, não é um mérito apenas do atual presidente da república. Como bem sabemos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual candidato ao governo de São Paulo José Serra também tiveram atitudes parecidas quando questionados em 98 e para as eleições desse ano quanto a participação nos debates, respectivamente.

Nesses casos, é claro que o político está no topo das pesquisas e não quer arriscar perder votos por causa de alguma discussão ou debate político no qual ele perca ou fique mal visto pelos espectadores. O político prefere maximizar seus votos ao invés de contribuir positivamente para o processo democrático do nosso país. É preciso lembrar que estes mesmos, graças aos mesmos debates políticos, conseguiram consolidar a campanha eleitoral com sucesso e foram eleitos em seus respectivos cargos (José Serra foi eleito prefeito apesar de ter saído com menos de dois anos de mandato).

Como bem sabemos, nosso país sofre com o processo democrático mal organizado. Os debates políticos são realizados apenas para os cargos mais altos do governo e pela mídia como forma de ganhar ibope, já que a eleição vira moda e aumenta o preço das propagandas no horário do debate. No final das contas, acabamos esquecendo que o plenário é tão importante quanto qualquer outro cargo e tem tanto poder que pode promover esquemas de corrupção de milhões de reais.

Outro problema é a falta de cultura política dos brasileiros que votam. Nossa população não tem a cultura de procurar saber sobre o candidato no qual irá votar (sim, eles decidem o nome do candidato antes de saber quem ele é direito e acabam elegendo até o ex-barbado que falava grosso) e aposto que muitos candidatos que foram acusados de participar de esquemas de corrupção irão se candidatar e provavelmente vão sentar mais uma vez nas cadeiras do plenário como se nada tivesse acontecido.

Estar envolvido com a política e com a informação são ferramentas fundamentais para o bom andamento da política e do processo eleitoral que, hoje em dia, não tem capacidade nem de provocar uma mudança consistente nos valores da política.

domingo, agosto 06, 2006

Drogas: proibir ou aceitar?

Esse texto objetiva trazer à discussão um assunto que a primeira vista, para a grande maioria, não deve ser discutido: a liberação do uso de drogas. A opinião geral costuma abordar o assunto pelo lado do politicamente correto: “as drogas são um mal para nossa sociedade, e devem de ser proibidas. Todos a favor de sua legalização são bandidos e drogados”. Meu objetivo aqui é levantar essa questão ao debate, e expor motivos concretos para que o uso de algumas drogas seja liberado.

O principal medo da população, quanto à liberação do uso de drogas é a crença que se caso fossem liberadas, as mesmas criariam uma legião de vagabundos e desocupados, que não produziriam nada e passariam seus dias drogando-se e cometendo crimes para alimentar seu vício. Essa visão é errada.

Existe sim, é verdade, aqueles que literalmente se acabam com suas vidas por causa das drogas. Assim como existem também aqueles que se acabam no álcool, ou na jogatina. Certamente, as drogas em si são maléficas e seu uso degenera o ser humano. Mas, males existem aos montes em nosso mundo, cabe a cada um saber resistir e lidar com eles. Caso contrário, em breve proibirão a existência de pontes e janelas, com a nobre justificativa de proteger aqueles mais fracos de espírito, que por ventura resolvam por um fim em suas próprias vidas.

Na questão das drogas alterarem as pessoas, tornando-as violentas, tomo a liberdade de utilizar citações retiradas de um artigo que encontrei na base de dados da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, que recomendo a leitura. Leia aqui.

“...vários estudiosos têm concluído que o álcool é a substância mais ligada às mudanças de comportamento provocadas por efeitos psicofarmacológicos que têm como resultante a violência. E isso, pelo menos provisoriamente, pode ser depreendido dos dados apresentados acima. Estudos experimentais (Fagan, 1990, 1993) mostram que o abuso de álcool pode ser responsável pelo aumento da agressividade entre os usuários. Há evidências também de que a cocaína, os barbitúricos, as anfetaminas e os esteróides têm propriedades que podem motivar atitudes, comportamentos e ações violentas”.

Claro que ao longo do ensaio a idéia é bem mais desenvolvida e justificada, porém o ponto que quero mostrar está explícito ai. Como pode uma sociedade que aceita tranqüilamente o consumo de álcool, maior gerador de comportamento violento, querer proibir o uso de outras drogas menos ofensivas nesse sentido? Aliás, a proibição das drogas gera um problema de segurança público gravíssimo.

Atualmente, é difícil de negar que o tráfico de drogas é o setor mais bem organizado e poderoso do crime brasileiro. Sua pujança é tamanha que possuem armamentos que nem as Forças Armadas tem condições de possuir. Assim, existem aqueles que pensam que com a liberação para o comércio de drogas a situação pioraria, mas ocorreria justamente o contrário. Hoje em dia, os traficantes lucram tanto com o tráfico por se tratar de uma atividade ilegal, onde uma minoria tenta se aventurar, assim fazendo com que exista pouca concorrência e, conseqüentemente, gerando lucros extraordinários. Lucros esse que financiam a criação e manutenção de Estados paralelos comandos por bandidos, que contribuem muito para a elevação da violência.

Assim sendo, com a legalização, a operação dos traficantes seria fortemente atingida, pois certamente as pessoas prefeririam comprar produtos em estabelecimentos legais. Isso ocorreria por diversos motivos: haveria algum controle por parte do governo, garantindo a “pureza” do produto. Não é incomum que traficantes misturem todo tipo de substâncias e detritos em suas mercadorias, fazendo as render mais. Além disso, os consumidores poderiam gozar de todos outros benefícios proporcionados pelo comércio legal. Existem ainda muitos benefícios, como por exemplo, a maior facilidade de controlar, o hoje irrestrito, acesso dos jovens as drogas. Por fim, o Estado teria mais uma fonte de arrecadação, pois certamente tributaria esse produto como todos os outros, além de diminuir o gasto de recursos na tentativa de coibir o tráfico.

Existem, é claro, diversas considerações mais aprofundadas a se fazer. Por exemplo, quais espécies de drogas deveriam ser liberadas? Certamente apenas aquelas que comprovadamente não gerem nenhum tipo de comportamento sóciopata. Onde seria produzida a droga consumida no país? E assim por diante. O importante é ter em mente que apesar de ser motivada por um nobre ideal (distanciar a população do uso de substâncias nocivas tanto ao espírito quanto ao corpo do ser humano), a proibição ao uso e comércio de drogas traz consigo uma série de malefícios e deve ser repensado.

quinta-feira, agosto 03, 2006

PT, Totalitarismo e Corrupção


Acima temos duas imagens. A primeira (acima) data (obviamente) do governo FHC; a segunda, do governo Lula. A diferença essencial entre as duas é que a segunda é uma fotografia, enquanto a primeira é uma charge, ficção, humor. Um outro fato importante é um que ocorreu ontem. O atual presidente-candidato prometeu, por assim dizer, se eleito, promover uma assembléia constituinte. No caso, confundiu mais do que esclareceu o que pretendia. Fala-se muito atualmente em reforma política e praticamente todos os oponentes do presidente na próxima eleição argumentaram que a constituinte não pe necessária para a, essa sim necessária, reforma política. Ponderando, fica a impressão de que o presidente propôs a constituinte porque precisa passar uma preocupação maior com o sistema político do país do que seus adversários (que advogam "apenas" a reforma política), pois toda a convulsão política do país partiu de seus acepções e colegas de partido.

Soma-se a esses dois fatos a cooptação de parlamentares, as propostas de maior regulação do jornalismo (para não dizer censura), o aparelhamento do Estado, etc. Fatos do governo Lula. O que se percebe é, claramente, uma veia totalitária no governo atual. Qual é sua origem?

A origem dessa tendência ao totalitarismo está nas raízes ideológicas do PT: no socialismo. Porque se enganam aqueles que entendem o PT como social-democrata. O objetivo do partido não é participar do jogo político e promover propostas à lá o Partido Democrata Americano. Fosse esse o caso, as parcerias com o MST não existiriam, o partido não seria membro do Foro de São Paulo e seu maior dirigente, Zé Dirceu, não seria recebido com honras de Chefe de Estado em Cuba. O PT acredita estar em busca de um ideal maior que a vontade dos indivíduos e por isso atua, dentro de suas capacidades, de forma cada vez mais totalitária: tentando promover a censura, confundindo partido com Estado, etc.

E é justamente essa crença em um ideal maior que promoveu o maior caso de corrupção já visto na história do país. Aqueles responsáveis pelo país hoje acreditam profundamente que o fim justifica os meios. E não é necessário explicar como pessoas desse tipo são um perigo para a liberdade individual e a democracia.